Cantinas
Universitárias
Voltei à
universidade depois de muitos anos, desta vez em matemática, cujas aulas se dão
no IC-I (Ilha do Cercado); ali perto fica a cantina, que é a mesma construída
lá por 1974, trinta anos atrás. É uma porcaria e, no entanto, na UFES
(Universidade Federal do Espírito Santo) estão uns mil e trezentos professores
de todas as áreas, com certeza o maior conjunto de talentos do estado.
Só há um guichê que
atende todos os pedidos. Formam-se filhas de 20 ou 30 pessoas ou mais, um amontoado,
como sempre no Brasil, gente passando à frente, etc. O concessionário da
exploração (!, veja só o nome; mas os preços são menores que nos outros
lugares) não faz pesquisas de tempo, para separar os cafezinhos dos pedidos
mais demorados, nem na venda nem no atendimento; não obstante a 50 passos de
onde se encontra está o departamento de estatística. É certo que hoje os
professores não fariam mais de graça, como teria acontecido na década dos 1970,
mas mesmo assim, sendo para algo de dentro e cantina que atende a todos,
decerto cobrariam pouco.
A cantina poderia
ser circular, para atender vários setores do círculo, com os grupos se
dirigindo a quatro, oito, 16 boxes de atendimento, o que fosse, conforme a
quantidade de pedidos estimada na Curva dos Sinos ou das Distribuições
Estatísticas ou de Gauss. A cantina poderia ser limpa, limpíssima, para dar
exemplo, e não suja. Poderia ser um primor, mas de fato é mais um parto do
desamor, monstro cuspido fora, vomitado, tendendo a durar pouco e ser destruído
sem remorso nalgum futuro mais saudável. As obras do descuidado desamor não são
duradouras (em se tratando de mais tempo).
Se desejássemos algo
ainda mais alto pediríamos uma reforma geral pela arquiengenharia, com algum
grupo (ou vários) se dedicando a remoçar e a embelezar o conceito geral, com o
auxílio das tecnociências. Porque são cantinas universitárias, em tese
atendendo a alguns dos futuros dirigentes do país. Como é que alguns se deixam
cair tão baixo? Em 1970 o ES era um estado bem atrasado, as coisas eram
modestinhas; agora o mundo avançou bastante, o ES bastante mais de onde estava
– seria preciso prestar atenção a essas coisas.
Vitória,
quinta-feira, 05 de agosto de 2004.
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