domingo, 2 de julho de 2017


As Páleo-Fozes e as Cidades que Ficam Acima

 

                            Veja a questão dos canais Lobato (chamemos de LAS o Lobato América do Sul) que tiveram milhões de quilômetros quadrados há algumas dezenas de milhões de anos e mais para trás.

                            Descobertas as páleo-fozes no fim das páleo-linhas dos rios que nelas iam dar teremos dois mapas gerais, de um lado todos os antigos (com cortes de um milhão de anos, como pedi) e do outro o atual, este que vemos na geografia, no tempo presente. Tomando um dos antigos, digamos no horizonte temporal de 30 milhões de anos atrás, quais cidades de hoje se sobrepuseram a eles? Suponhamos uma páleo-foz lá pelos lados do Mato Grosso do Sul, num daqueles antigos rios; depois de descoberta será natural os moradores da região quererem saber quais cidades ficam acima dela, nas áreas que constituiriam o traço de suas antigas posições, pois ela foi mudando progressivamente à medida que o terreno ia sendo arqueado para tomar a atual conformação.

                            Por uma razão muito prática: se vai haver ali escavação para atingir dos depósitos de óleo as terras serão base de nova atividade socioeconômica, valorizando-se muito, demais. Digamos, se Cuiabá ficar sobre uma páleo-foz imediatamente seu solo começará a valorizar, a subir de preço, contando-se que as atividades de extração levarão a refinarias,  a instalação de indústrias (em virtude do combustível barato), a expansão da Economia geral. As pessoas que já têm terras não quererão vendê-las tão barato e as que não possuem desejaram comprar. Os próprios funcionários das empresas extratoras, de posse de informação privilegiada, investirão suas economias e pegarão emprestado para investir pesadamente. De outra parte, as empresas extratoras e os governos terão de desapropriar os terrenos onde instalarão sua base produtora. E deverão fazer acordos com os proprietários das terras para colocar as torres de perfuração e os cavalos mecânicos extratores, além dos grandes depósitos de óleo.

                            Enfim, interessa a todos possuir tais mapas.

                            Será, desde já, questão delicadíssima - pois pode ferir interesses e suscetibilidades - tanto revelar quanto ocultar os dados e os novos mapas. Ademais, mostrar uma páleo-foz levará a uma enxurrada de investimentos, que bem podem se dar no lugar errado. Questão delicada, de fato.

                            Vitória, domingo, 11 de julho de 2004.

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