Aqueles Gostosíssimos
Atrasos do Campo
Meus parentes vivem
em Burarama, distrito de Cachoeiro de Itapemirim; como quase todos lá são
parentes, podemos dizer que é o “nosso distrito”.
Na Rede Cognata
(Veja Livro 2, A Construção da Rede e da
Grade Signalíticas), campestre = CMPST = A/TSD = ATRASADO, etc., e campo =
CMP = A/TS = ATRASO, de modo que tudo combina mesmo.
Quando começou há 11
anos o movimento pró-Burarama, como já descrevi tantas vezes queriam tirar o
curral da entrada do vilarejo, porque os citadinos de Vitória ficavam
incomodados com o cheiro de bosta de vaca e de boi que, aliás, é tão bom. Fui
contra, claro, porque cidades grandes há muitas, todas iguaisinhas, sendo 200
ou 300 mil no mundo, como estimei. As São Paulo da vida são inúmeras, todas
crescendo e ficando cada vez maiores e sem características marcantes, enquanto
as Burarama são todas diferentes, portanto únicas, distintas e distintivas de
um modo de vida sem correrias e estresses. Ainda guardam certa pureza d’alma.
No campo as crianças
podem correr, sendo soltas de manhã e pegas à tarde, ao passo que na cidade há
milhares de perigos, de carros em alta velocidade a traficantes de drogas. No
campo há animais soltos, sem peias; há pássaros em profusão voando; há espaços
imensos que explorar, embora com cercas; e não há, evidentemente, tantas
construções delimitando as vistas. Enfim, no campo há liberdade, um grau muito
menor de restrições. No futuro o campo será muito valioso exatamente por conta
dessas coisas listadas e tantas outras que seria cansativo colocar num artigo
necessariamente curto.
Em resumo, o campo
tem muitos valores.
É gostosíssimo ir
lá, embora tão difícil viver, porque não se ganha tanto (para quê, também? É
tudo ilusão, na cidade. Na realidade não é, podemos fazer muitas coisas úteis,
a soma é zero). No campo podemos contrastar com a cidade, com a vida urbana
fechada, assoberbada de tarefas. Exatamente por estar, e dever continuar
estando, no extremo oposto a vida rural e o campo são deliciosos, muito bons, e
devem continuar a ser conservados assim como são por muitos séculos, com
pequenas modificações, benza Deus.
Vitória, domingo, 04
de julho de 2004.
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