A Coroa de Ouro de
Nossa Senhora e Minha Infância Quente
Quando eu era criança (antes dos nove anos,
pois saímos de Cachoeiro do Itapemirim em 1963, sendo eu de fevereiro de 1954)
lá no Morro Santo Antônio na igreja da paróquia tinha uma estátua de Nossa
Senhora e sobre ela uma coroa raiada ou radiada de ouro. Quem teve a idéia foi
o padre de lá; eu era garoto, mas sei que recolheram dinheiro em toda parte
para comprar o ouro e mandar modelar a coroa (depois roubada ou por ladrões
comuns que a derreteram ou por algum colecionar safado, que a mantém escondida;
dos ladrões foi o que ouvi dizer, a outra possibilidade imaginei a partir de
filmes). A imagem está firme na minha cabeça, mas é difícil descrever: era um círculo
com raios do tipo dos estilizados do Sol, como se fosse mesmo o Sol.
Levantava-se detrás da cabeça de gesso, não sei se pendurada por algum fio. Era
bela mesmo, impressionante.
Essa igreja colocava nas semanas antes do
Natal um presépio diferente, pois tinha um belíssimo trem em miniatura se movendo
por várias curvas longas (para um garoto de seis a oito anos, sei lá). A
locomotiva era de assombrar e os vagões muito detalhados. Eu deitava o rosto no
piso frio de granito (creio hoje que o excesso de calor indica pressão alta e
chance maior de problemas de coração) e ficava extasiado com a composição.
Guardo muitas lembranças de
Cachoeiro-Burarama, mas essa é a mais notável no que tange à estupefação diante
da beleza.
Onde foi parar tal coroa? Será que alguém
ainda tem fotografia dela?
Vitória, quinta-feira, 12 de abril de 2007.
José Augusto Gava.
COROAS
DE OURO
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