domingo, 22 de julho de 2018


O Coração de Teixeirinha

 

O povo amava, mas as elites intelectuais detestavam e menosprezavam, procurando ocultar. Quando eu era criança ouvia bastante, inclusive as chacotas sobre Coração de Luto, que é música pungente e muito bela em minha opinião.

Por todo o Brasil Teixeirinha fez grande quantidade de fãs.

Qual a razão de as elites terem essa grande incapacidade de aceitar ou pelo menos tolerar os autores populares? Digo que gosto de quase todo tipo de música, ao que um dos meus amigos, muito engraçado, replicou “eu também, de música”. Mas é certo mesmo que gosto de quase tudo, exceto os extremos em termos de letra ruim ou melodia péssima. É porque há as letras espertíssimas, grandes poemas com segundos e terceiros níveis (e até quartos, com interpretações dentro da Rede Cognata) e há o interesse psicológico, em particular o produtivo-organizativo. Há o fenômeno social de os cantores, intérpretes, compositores atraírem grandes multidões com suas postulações emocionais-racionais e assim por diante. Não é só a dimensão poético-melódica.

E o coração de Teixeirinha, hem?

E o desenvolvimento dele imediatamente antes de compor tal ou qual música? E o povo a que ele dava voz? Uma tal rejeição é no mínimo imprópria antes de se fazer uma avaliação completa dessas dimensões todas.

 

TEIXEIRINHA

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Teixeirinha
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vítor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha, (Rolante, 3 de março de 1927Porto Alegre, 4 de dezembro de 1985) foi um cantor e compositor brasileiro, também conhecido como o Rei do Disco, pelos récordes de vendas de seus discos em sua época.

CORAÇÃO DE LUTO (seria preciso analisar musicalmente, isto é, letra por poetas e melodia por compositores)

Coração De Luto
Teixerinha
 
O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida
Foi quando com nove anos
Perdi minha mãe querida

Morreu queimada no fogo
Morte triste, dolorida
Que fez a minha mãezinha
Dar o adeus da despedida

Vinha vindo da escola
Quando de longe avistei
O rancho que nós morava
Cheio de gente encontrei

Antes que alguém me dissesse
Eu logo imaginei
Que o caso era de morte
Da mãezinha que eu amei

Seguiu num carro de boi
Aquele preto caixão
Ao lado eu ia chorando
A triste separação

Ao chegar no campo santo
Foi maior a exclamação
Taparam com terra fria
Minha mãe do coração

Dali eu saí chorando
Por mãos de estranhos levado
Mas não levou nem dois meses
No mundo fui atirado

Com a morte da minha mãe
Fiquei desorientado
Com nove anos apenas
Por este mundo jogado

Passei fome, passei frio
Por este mundo perdido
Quando mamãe era viva
Me disse: filho querido

Pra não roubar, não matar
Não ferir, sem ser ferido
Descanse em paz, minha mãe
Eu cumprirei seu pedido

O que me resta na mente
Minha mãezinha é teu vulto
Recebas uma oração
Desse filho que é teu fruto

Que dentro do peito traz
O seu sentimento oculto
Desde nove anos tenho
O meu coração de luto.

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