O Coração de
Teixeirinha
O povo amava, mas as elites intelectuais
detestavam e menosprezavam, procurando ocultar. Quando eu era criança ouvia
bastante, inclusive as chacotas sobre Coração de Luto, que é música pungente e
muito bela em minha opinião.
Por todo o Brasil Teixeirinha fez grande
quantidade de fãs.
Qual a razão de as elites terem essa grande
incapacidade de aceitar ou pelo menos tolerar os autores populares? Digo que
gosto de quase todo tipo de música, ao que um dos meus amigos, muito engraçado,
replicou “eu também, de música”. Mas é certo mesmo que gosto de quase tudo,
exceto os extremos em termos de letra ruim ou melodia péssima. É porque há as
letras espertíssimas, grandes poemas com segundos e terceiros níveis (e até
quartos, com interpretações dentro da Rede Cognata) e há o interesse
psicológico, em particular o produtivo-organizativo. Há o fenômeno social de os
cantores, intérpretes, compositores atraírem grandes multidões com suas
postulações emocionais-racionais e assim por diante. Não é só a dimensão poético-melódica.
E o coração de Teixeirinha, hem?
E o desenvolvimento dele imediatamente antes
de compor tal ou qual música? E o povo a que ele dava voz? Uma tal rejeição é
no mínimo imprópria antes de se fazer uma avaliação completa dessas dimensões
todas.
TEIXEIRINHA
|
|
Teixeirinha
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Vítor Mateus Teixeira, mais conhecido como Teixeirinha,
(Rolante,
3 de março
de 1927
— Porto
Alegre, 4 de dezembro de 1985) foi um cantor e compositor
brasileiro,
também conhecido como o Rei do Disco, pelos récordes de vendas de seus discos
em sua época.
|
CORAÇÃO DE LUTO (seria preciso analisar
musicalmente, isto é, letra por poetas e melodia por compositores)
Coração De Luto
Teixerinha
O maior golpe do mundo
Que eu tive na minha vida Foi quando com nove anos Perdi minha mãe querida Morreu queimada no fogo Morte triste, dolorida Que fez a minha mãezinha Dar o adeus da despedida Vinha vindo da escola Quando de longe avistei O rancho que nós morava Cheio de gente encontrei Antes que alguém me dissesse Eu logo imaginei Que o caso era de morte Da mãezinha que eu amei Seguiu num carro de boi Aquele preto caixão Ao lado eu ia chorando A triste separação Ao chegar no campo santo Foi maior a exclamação Taparam com terra fria Minha mãe do coração Dali eu saí chorando Por mãos de estranhos levado Mas não levou nem dois meses No mundo fui atirado Com a morte da minha mãe Fiquei desorientado Com nove anos apenas Por este mundo jogado Passei fome, passei frio Por este mundo perdido Quando mamãe era viva Me disse: filho querido Pra não roubar, não matar Não ferir, sem ser ferido Descanse em paz, minha mãe Eu cumprirei seu pedido O que me resta na mente Minha mãezinha é teu vulto Recebas uma oração Desse filho que é teu fruto Que dentro do peito traz O seu sentimento oculto Desde nove anos tenho O meu coração de luto. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário