domingo, 22 de julho de 2018


Felipe, que Traiu Nely

 

Comprei por R$ 13,00 no sebo República das Letras, em Jardim da Penha, Vitória, ES, o livro de Kay Hoffman As Dores de Amor de Sócrates, São Paulo, Madras, 2003 (sobre original alemão de 2001). Nele há uma dedicatória: “Felipe que Jesus esteja sempre com você. Beijos Tia Nely. 11-9-04”.

A maior possibilidade é que Felipe tenha vendido o livro por uma bagatela. Na Internet consta que tem 142 páginas e vale novo nas livrarias R$ 19,90, de que o valor constitui 65 %. Felipe deve ter vendido pela metade do preço, R$ 6,50 ou R$ 7,00 reais e com isso mal tomaria três cervejas. Desperdiçou o presente, o amor da tia e as valiosas lições proporcionadas por K. Hoffman.

Isso é lá entre eles.

O fato mesmo é que a gente quase toda não dá a mínima bola.

Sócrates viveu há mais de 2,4 mil anos e depois dele vieram muitos raciocínios sobre tanta coisa, inclusive sobre suas lições. Esses 2.400 anos constituem 80 gerações “felipianas”, de gente como Felipe que não liga para a realidade, que a vive como usufruto emocional, “questão de pele”, como diz o povo: “carpe diem”, viva o agora-aqui, o instante, o momento, a gula, a fome intensa e incontrolável que administra o corpomente de tantos.

Não estou jogando Nely contra Felipe nem vice-versa: este texto tem pouca chance de ser lido já e muito menos um dos dois ou ambos. O que vale é pensar sobre as oportunidades perdidas e sobre como, tendo TANTAS e tão fantásticas riquezas as desperdiçamos sem qualquer titubeio ou vacilo. Que preciosidade são os livros! E quão pouco valor damos a eles. É chocante!

Vitória, sexta-feira, 06 de abril de 2007.

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