quinta-feira, 19 de julho de 2018


Prodigioso Hesíodo

 

Na página 268 de seu livro, Tudo o que Precisamos Saber, mas Nunca Aprendemos sobre Mitologia, 2ª edição, Rio de Janeiro, Difel, 2015 (sobre original de 2005), Kenneth C. Davis diz sobre um dos dois livros de Hesíodo (o outro é Os Trabalhos e os Dias):

“O poema [Teogonia, a criação dos deuses], um tanto breve se comparado aos épicos de Homero, contém o nome de mais de trezentos deuses do panteão grego, sendo alguns desconhecidos e insignificantes”.

Desconhecidos agora.

Insignificantes, não-significativos POR QUE? São retratos da psicologia pessoambiental grega, os psicólogos deveriam estuda-los.

HESÍODO (alguém capaz de fazer atravessar suas obras por 2,75 mil anos, em meio a toda competição e todo esquecimento, deve ser pessoa interessante)

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/36/Pseudo-Seneca_BM_GR1962.8-24.1.jpg/800px-Pseudo-Seneca_BM_GR1962.8-24.1.jpg
O irmão, Perses, roubou parte de sua herança corrompendo os funcionários públicos, história antiga: enfim, Hesíodo teve de viver, enfrentar a psicologia adversa.
Wikipédia.
Hesíodo (em grego: σίοδος, transl. Hēsíodos) foi um poeta oral grego da Antiguidade, geralmente tido como tendo estado em atividade entre 750 e 650 a.C., por volta do mesmo período que Homero.[1][2] Sua poesia é a primeira feita na Europa na qual o poeta vê a si mesmo como um tópico, um indivíduo com um papel distinto a desempenhar.[3] Autores antigos creditavam a ele e a Homero a instituição dos costumes religiosos gregos,[4] e os acadêmicos modernos referem-se a ele como uma das principais fontes para a religião grega, as técnicas agriculturais, o pensamento econômico (chegou a ser referido, por vezes, como o primeiro economista),[5] a astronomia grega arcaica e o estudo do tempo.
Hesíodo utilizou diversos estilos do verso tradicional, incluindo a poesia gnômica, hínica, genealógica e narrativa, porém não foi capaz de dominar todas com a mesma fluência; as comparações com Homero costumam lhe ser desfavoráveis. Nas palavra de um estudioso moderno de sua obra, "é como se um artesão, com seus dedos grandes e desajeitados, estivesse imitando, paciente e fascinadamente, a costura delicada de um alfaiate profissional."[6]

Dificilmente o pastor Hesíodo poderia ser mesmo alguém ignorante a pastorear cabras, bodes e cabritos.

Primeiro, havia seu trabalho, pelo que ficou conhecido, tomando seu tempo com seus aborrecimentos típicos.

Segundo, teve de pesquisar nos livros já existentes (recém saídos da Idade das Trevas grega, de 1100 a 800 a.C.).

Terceiro, teve de ouvir o povo, reunindo suas lembranças meticulosamente (dos deuses “desconhecidos e insignificantes”) e as das elites (dos deuses “nobres”, que ajudam a governar).

Quarto, era poeta, versado em poetizar, em colocar em versos sua versão da pseudo-realidade teogônica e promover aceitação, que é a verdadeira propaganda.

Quinto, findado o período de domínio grego, com o domínio da Grécia antiga pelos romanos por volta de 200 a.C., teve de manter o interesse do futuro por mais 2,2 mil anos. Há gente em nosso tempo que é esquecida não em 200, mas em 20 anos, tempo é uma coisa que foge mesmo em todos os sentidos, é um bater pontual que arrebenta tudo.

Não é fácil se manter visível, frente à variedade de invenções que atraem a atenção das novas gerações. As que vão desaparecendo devem manter o interesse com base em resposta que dão AO PRESENTE: 2.750/25 (para dar números com zeros; considero 30 anos uma geração) = 110 gerações que tiveram de guardar seus livros, frente às novas oportunidades. Pode buscar quantos mantém a atenção da geração seguinte...

Vitória, quinta-feira, 19 de julho de 2018.

GAVA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário