A Antiga e a Nova
Cinematografia
A antiga gravação era físico-química, um
plano, um retângulo impresso, ao passo que a atual é informacional, é memória
de máquina. Um rolo tinha de conter 25 fotografias por segundo, 1.500 por minuto,
90 mil por hora, em duas horas de projeção 180.000 – isso dava rolos grandes de
quase meio metro de diâmetro, e pesados -, pois tudo era analógico ou
proporcional. Agora é digital, conjunto de sinais alfanuméricos.
Anteriormente era difícil modificar ou
colocar em três dimensões, agora é fácil estabelecer qualquer sub-plano
(porisso falam em Search & Light, pesquisa e luz; e em “trabalhadores da
luz”), daí tudo ter ficado muito mais falsificável. Os mágicos-artistas já
compreenderam isso faz tempo, mas a nova realidade não atingiu plenamente os
teólogos-religiosos, os filósofos-ideólogos, os cientistas-técnicos e os
matemáticos).
Antes a fotografia da onça estava mesmo lá e
agora não está mais em definitivo, é modificável quanto se queira e se
pretenda. Evidentemente isso afetará toda a realidade psicológica (as figuras
ou psicanálises, os objetivos ou psico-sínteses, as produções ou economias, as
organizações ou sociologias, os espaçotempos ou geo-histórias, neste caso com
reconstruções muito mais apuradas da história que as stalinistas). Não há mais a mínima garantia de a memória de
um filme permanecer na próxima projeção, o que eivará ou contaminará as provas
judiciárias de suspeitas, para dizer o mínimo. A única defesa é a manutenção de
muitos, muitos arquivos em toda parte para comparação; naturalmente, você sabe,
o ontem tem tendência de desaparecer e com o passar dos anos, das décadas e das
centúrias e a perda da redundância mais e mais o passado parecerá o que nunca
foi. Os filósofos devem estudar isso a fundo.
Na porção prática da coisa ficará divertido,
porque agora pode ser inserida a terceira dimensão (como já vêm fazendo), uma
quarta sem ser o tempo (pois o decorrer do filme já é temporal) ou quantas mais
for conveniente; o filme pode ser filigranado, inserindo-se palimpsestos em
níveis e subníveis. Um filme inteiro poderia ser “linkado” num ponto qualquer,
remetendo-se para uma sub-visão até contraditória daquela passagem. E, com toda
certeza, o subliminar huxleyano estará cada vez mais na ordem do dia e da
noite.
Vitória, quinta-feira, 12 de abril de 2007.
A
ANTIGA E A NOVA GRAVAÇÃO
Rolo de película
cinematográfica (16 mm)
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