sexta-feira, 7 de julho de 2017


O Que Lou Disse de Assombroso

 

                            Gostei do livro de Lou Marinoff (Mais Platão Menos Prozac, 5ª edição, Rio de Janeiro, Record, 2002). Nele há esta passagem no mínimo divertida (p. 71): “Praticar filosofia significa explorar o seu universo interior”, o que mostra que ele é filósofo, mas não grande filósofo, não se situando entre os maiores (isso não o desmerece; ele está fazendo uma grande coisa).

                            Eis o Conhecimento: Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica; e a Matemática. A Filosofia geral, obviamente, se refere aos outros pólos altos e baixos todos, tendo íntima ligação com sua subalterna, a Ideologia, e raciocinando sobre si mesma.

                            A mente está intimamente ligada com o exterior, dele não se separando em condição nenhuma, nem mesmo nas doenças; é uma rede de linhas de interconexão em fusão total. A separação cartesiana é espúria, no “penso, logo existo”, pois se trata mesmo do que chamei de GALINHOVO: nem a galinha veio antes, nem o ovo, foram se desenvolvendo juntos e são uma e a mesma coisa desde as origens, como um cone que surge de um ponto comum e depois de muito tempo, alienado nos extremos, já se vê como dividido entre esquerda e direita. Mente e corpo estão (doravante) reunidos em corpomente – é uma só coisa, indelevelmente, inapelavelmente.

                            Assim, não podemos “explorar nosso universo interior” porque não existe “nosso”; a separação é uma das ilusões do GAP (gerador de autoprogramas) autocentrado, disso que mantém alguma identidade, a mente individual ou coletiva (DAS PESSOAS: indivíduos, famílias, grupos e empresas; e DOS AMBIENTES: cidades/municípios, estados, nações e mundos). Podemos explorar o universo, desde o autocentrado EGO ao universo e vice-versa, porque o movimento é duplo, já que conjeturarmos sobre nós mesmos é pensar sobre o universo; e o contrário/complementar também. Desse modo, é assombroso o que Lou disse, mas é o que quase todos diriam, porque quase todos estão alienados, distante da compreensão total.

                            É ele ter dito isso, nessa frase tão pequena, que nos faz compreender que de duas uma: 1) ou ele não é um grande filósofo; 2) ou escorregou (como todos podemos fazer).

                            Vitória, terça-feira, 27 de julho de 2004.

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