A Caça como
Multiplicador Mental
Se as mulheres
controlavam 80 a 90 % dos indivíduos da caverna, como já mostrei várias vezes,
se inventaram quase tudo primeiramente, se com a invenção inicial da
agropecuária produziram excessos que tornaram a caverna independente das
expedições de caça dos homens quanto a proteínas, como é que os homens
preponderaram?
Evidentemente o
grande espaço e o grande volume constante dentro dos quais ficavam transitando
pressupunha uma língua (veja no Livro 85, A
Língua que as Mulheres Inventaram) delas, a que os homens só tinham acesso
enquanto eram meninos, até, digamos, os 13 anos. Depois tinham de migrar para a
língua dos homens, a língua-de-caça, que era muito mais pobre, porque menos
exigente inicialmente. Já que é a língua que constrói todo crescimento
psicológico, como é que os homens se tornaram mais espertos, a ponto de tomar o
poder (que interessava às mulheres passar adiante, também, como forma de
crescer mais rápido)?
Isso só pode ter
acontecido em virtude de a caça induzir aptidão, quer dizer, atilar as mentes
masculinas, exigindo perspectivação ou preparação do futuro ou projeção de
linhas de conduta. Um universo repetitivo, como o das mulheres, não demandava
muita argúcia ou agudeza mental; quanta inteligência se necessita para colher
as mesmas frutas das mesmas árvores toda uma vida? É cíclico, não leva a
novidades, enquanto a pressão contínua da caça preparou o cérebro dos homens
PARA PROJEÇÃO (veja que não estou dizendo que um é melhor do que outro – as
tarefas são distintas). Era-lhes necessário pré-ver, ver antes de acontecer,
projetar o futuro. Prever, calcular, antecipar, conjeturar, avaliar – tudo isso
preparou um cérebro inquisitivo (qu passou via sexo para as mulheres; e
vice-versa, o cérebro-memória muito melhor delas passou para os homens).
Assim, com esse
cérebro antecipativo melhor, quando os homens não precisaram mais caçar tanto
eles não tinham mais ocupação, EXCETO TOMAR O PODER DAS MULHERES. Foi o que
aconteceu. Progressivamente, esses que ficaram se apoderaram dos conhecimentos
que elas tinham acumulado por milênios a fio, muito lentamente. E assim fizeram
prosperar essas atividades rapidamente, pensando alternativas muito mais
avançadas e com isso dominando e tomando o futuro das cavernas onde os homens
ainda estavam indo à caça. Não estou recomendando que as pessoas voltem a
caçar, esse tempo já passou, as caçadas agora são outras, lógicas e dialéticas,
dialógicas, e não mais físicas e biológicas. Mas foi assim que aconteceu: a
própria invenção das mulheres, combinada com o cérebro prospectivo melhor,
proporcionado pela aptidão nova dos caçadores, levou à “ruína” do poder
feminino primitivo, que passou aos homens; contudo, isso mesmo levou à
prosperidade da tribo, que cresceu tomando futuro das outras, destas raptando
os melhores genes para seu estoque tribal; esses genes-estrangeiros, por sua vez, puderam
passar ao futuro, pois de outro modo teriam morrido na parte mais fraca.
Foi uma feliz
combinação de fatores.
1. Homens vão à caça e desenvolvem um
cérebro prospectivo mais apto;
2. Mulheres criam a agropecuária inicial;
3. Homens se assentam, pois não dependem
mais tanto de longas caçadas;
4. Mulheres perdem o poder;
5. Conjunto de homens + mulheres dessa
tribo amplia seu funil de penetração no futuro;
6. Apoderam-se dos estoques genéticos de
outras tribos, etc.
Tudo isso precisa ser apurado.
Vitória, segunda-feira, 05 de julho de
2004.
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