sábado, 1 de julho de 2017


A Caça como Multiplicador Mental

 

                            Se as mulheres controlavam 80 a 90 % dos indivíduos da caverna, como já mostrei várias vezes, se inventaram quase tudo primeiramente, se com a invenção inicial da agropecuária produziram excessos que tornaram a caverna independente das expedições de caça dos homens quanto a proteínas, como é que os homens preponderaram?

                            Evidentemente o grande espaço e o grande volume constante dentro dos quais ficavam transitando pressupunha uma língua (veja no Livro 85, A Língua que as Mulheres Inventaram) delas, a que os homens só tinham acesso enquanto eram meninos, até, digamos, os 13 anos. Depois tinham de migrar para a língua dos homens, a língua-de-caça, que era muito mais pobre, porque menos exigente inicialmente. Já que é a língua que constrói todo crescimento psicológico, como é que os homens se tornaram mais espertos, a ponto de tomar o poder (que interessava às mulheres passar adiante, também, como forma de crescer mais rápido)?

                            Isso só pode ter acontecido em virtude de a caça induzir aptidão, quer dizer, atilar as mentes masculinas, exigindo perspectivação ou preparação do futuro ou projeção de linhas de conduta. Um universo repetitivo, como o das mulheres, não demandava muita argúcia ou agudeza mental; quanta inteligência se necessita para colher as mesmas frutas das mesmas árvores toda uma vida? É cíclico, não leva a novidades, enquanto a pressão contínua da caça preparou o cérebro dos homens PARA PROJEÇÃO (veja que não estou dizendo que um é melhor do que outro – as tarefas são distintas). Era-lhes necessário pré-ver, ver antes de acontecer, projetar o futuro. Prever, calcular, antecipar, conjeturar, avaliar – tudo isso preparou um cérebro inquisitivo (qu passou via sexo para as mulheres; e vice-versa, o cérebro-memória muito melhor delas passou para os homens).

                            Assim, com esse cérebro antecipativo melhor, quando os homens não precisaram mais caçar tanto eles não tinham mais ocupação, EXCETO TOMAR O PODER DAS MULHERES. Foi o que aconteceu. Progressivamente, esses que ficaram se apoderaram dos conhecimentos que elas tinham acumulado por milênios a fio, muito lentamente. E assim fizeram prosperar essas atividades rapidamente, pensando alternativas muito mais avançadas e com isso dominando e tomando o futuro das cavernas onde os homens ainda estavam indo à caça. Não estou recomendando que as pessoas voltem a caçar, esse tempo já passou, as caçadas agora são outras, lógicas e dialéticas, dialógicas, e não mais físicas e biológicas. Mas foi assim que aconteceu: a própria invenção das mulheres, combinada com o cérebro prospectivo melhor, proporcionado pela aptidão nova dos caçadores, levou à “ruína” do poder feminino primitivo, que passou aos homens; contudo, isso mesmo levou à prosperidade da tribo, que cresceu tomando futuro das outras, destas raptando os melhores genes para seu estoque tribal; esses  genes-estrangeiros, por sua vez, puderam passar ao futuro, pois de outro modo teriam morrido na parte mais fraca.

                            Foi uma feliz combinação de fatores.

1.       Homens vão à caça e desenvolvem um cérebro prospectivo mais apto;

2.      Mulheres criam a agropecuária inicial;

3.      Homens se assentam, pois não dependem mais tanto de longas caçadas;

4.     Mulheres perdem o poder;

5.      Conjunto de homens + mulheres dessa tribo amplia seu funil de penetração no futuro;

6.     Apoderam-se dos estoques genéticos de outras tribos, etc.

Tudo isso precisa ser apurado.

Vitória, segunda-feira, 05 de julho de 2004.

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