O Cancelamento da
Filosofia
Como já mostrei, o primeiro
Conhecimento (Magia/Arte, Teologia/Religião, Filosofia/Ideologia,
Ciência/Técnica e Matemática) a ser contestado e escorraçado pelos ditadores é
a Filosofia, sem falar na Ideologia, que é sua discípula. Depois vem a
Magia/Arte por conta da emoção. Ou seja, os dois lados racionais de cada
patamar, Teologia/Religião e Ciência/Técnica não são perseguidos, nem muito
menos a Matemática, de onde nunca vem contestação.
Tal perseguição se dá porque a
Filosofia fala necessariamente de pensar, de duvidar, o que é perigoso para as
elites e mais ainda para o povo: imagine o povo pensando! Que desastre enorme
seria para as elites! Assim, os ditadores tratam de promover imediatamente o
controle do pensamento, a aquietação das dúvidas, tratam de podar a Filosofia.
Como já vimos no Livro 144 no artigo O Indivíduo com Defeitos Freudianos e Ânsias
Junguianas da Coletividade o indivíduo foi tornado culpado de 100 % e não
dos seus 50 %, deixando a coletividade livre de críticas, pois a pergunta mais
simples seria: de onde vêm esses outros 50 %? Daí choveriam críticas às elites,
à burguesia (elite do ter), aos governos (mundial, federal, estadual,
municipal-urbano), aos poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário), ao excesso
de trabalho, à falta de remuneração, às incertezas da vida e assim por diante.
“Quem jogou uma supercarga de 50 % em minha vida?”, perguntaria o indivíduo.
Então, logo de cara tratam de calar a
Filosofia. Fecham os cursos dela, banem os livros, perseguem os filósofos como
revolucionários reais ou fictícios. ALÉM DESSE ATAQUE EXTERNO calhou de desde
séculos a Filosofia se amordaçar a si mesma. Agora que esse Marinoff americano
(depois do filósofo alemão) levantou a utilidade popular da filosofia prática
isso pode começar a aborrecer verdadeiramente as outras profissões e os
governempresas. Pode ABORRECER MUITO na seqüência, nas próximas décadas, porque
dessa coisa trivial dele podem advir muitos resultados interessantes, pois a
prática leva necessariamente à teoria, às investigações mais profundas.
E, claro, tudo é ciclo, o que se foi
retorna transformado; assim, a Filosofia está esperando em silêncio seu
retorno, o que depende de alguma personalidade notável, pois é sempre assim – é
ela que planta a sementinha no útero da coletividade pensante, que engravida.
Quando tal personalidade genial se manifestar ou mostrar, a Filosofia largará
sua mordaça de lado e se potencializará rapidamente, queira crer.
Vitória, agosto de 2005.
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