domingo, 3 de dezembro de 2017


O Coletivo das Elites e o Individual do Povo

 

Pode parecer que o povo seja coletivista e as elites individualistas, mas foi longo o trânsito até eu perceber que é o contrário: as elites se defendem entre si. Por serem como já disse tantas vezes frações das elites do TER, do intelecto, do Conhecimento – Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e Matemática -, das 22 tecnartes, das 6,5 mil profissões que fazem as revoluções calhou de pensarmos que há participação do povo. Não há.

E as elites são distantes, apenas isso.

Veja que o ser humano vem desde Jericó há 11 mil anos migrando de PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos e empresas) a AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundo agora em processo de globalização), adotando conjuntos cada vez maiores de mentes; esses crescentes blocos pensam e realizam muito mais, enquanto o povo fica no individualismo, cada um por si e Deus por todos. Com essa mente crescente, desmesuradamente maior, ela sempre vence o povo.

Agora, durante as fases de calmaria em que não há outras elites, frações do total, convivendo ou coabitando com e dirigindo o povo, elas permanecem distantes entre si. Quando certas frações das elites migram para o lado do povo e pretendem usar a este para fazer a revolução “em nome do povo”, então as outras frações se unem novamente e doam generosas quantias ao serviço da contra-revolução. Como tenho tendência inequívoca em favor do povo, sempre quis acreditar o contrário, que o povo é que coletiviza; na realidade o povo con-vive, vive junto porque é obrigado a conviver, mas nunca doa em favor das causas coletivas. Socorrem-se mutuamente as pessoas porque necessitam, mas não são capazes de doações em favor da organização do todo; pegando ou não do próprio povo, através dos tributos, são as elites que fazem isso, que investem em investigação.

É justamente quando frações das elites mudam de lugar, passando ao povo, que conseguem convencer a este a fazer doações em favor das guerras de libertação; aí essas frações vão constituir as elites dirigentes da nova classe no poder – tal mudança é muito rara. Demora séculos exatamente porque o povo vive para si, não se doa. Demorou demais até eu perceber isso, porque o amontoamento engana e a vida separada engana também: o que é não parece e o que parece não é.

Só quando o povo investe nisso de suplantação o coletivo maior das novas elites pode pensar com um empenho tamanho que suplanta o antigo pensamento, criando mente ainda mais vasta. É isso que as elites de agora estão preventivamente fazendo, ajuntando forças através da globalização.

Vitória, agosto de 2005.

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