Ladrão que Rouba
Ladrão...
Diz o ditado que “ladrão que rouba
ladrão tem 100 anos de perdão”, mas não fala do tamanho da pena, que pode ser
de milhares de anos – o abatimento de 100 anos pode significar pouco, ambos são
ladrões.
Em todo caso, o jornal local A Gazeta de 21/11/2005 noticiou que no
mês de setembro deste ano foram dados 222,7 mil cheques sem fundos no valor de
141 milhões de reais, APENAS EM SETEMBRO, durante o ano todo deve ser uma
fortuna. A população do Espírito Santo não passa de 3,3 milhões de pessoas,
sendo a metade crianças que não podem pegar talões, de modo que em tese seria
um cheque para cada oito pessoas (claro, a mesma pessoa passa vários cheques).
O povo aprendeu o macete e a
impunidade da lei da burguesia capitalista e está fazendo compras (no país
inteiro, certamente) com base em papel. Os capitalistas roubam no peso e na
qualidade, roubam os tributos que o povo paga, roubam de todo modo possível e
agora o povo rouba os capitalistas. Fico imaginando quantas geladeiras,
televisores, bicicletas, sofás foram “comprados barato” (havia um estudante de
engenharia que dizia “comprar barato” quando roubava livros nas feiras na Praça
Costa Pereira - um eufemismo a mais; existem outros, como “pegar emprestado”).
Devem ser milhares de objetos colorindo as residências do Espírito Santo. E vai
ficar por isso mesmo, é lógico.
Devem estar pegando os membros todos
da família, depois os vizinhos e os parentes e fazendo compras aqui e em outros
estados – e nem descobriram ainda as compras através da Internet. Vai ser um
arraso! É a vingança do povo, essa é boa! Os capitalistas gemem, esperneiam,
choram através dos jornais. Como diz o povo, “não adianta gemer, a nega está lá
dentro” (em relação à bola na meta no futebol, o gol). Quando aquele talão se
esgota eles vão e tiram outro CPF e passam a fazer tudo de novo. Ou regularizam
a situação nas anistias de juros e compram mais um bocado. É engraçadíssimo,
embora trágico. Os burgueses pensaram usufruir da bandidagem de um lado só, mas
a coisa toda reverteu. Antes eram apenas os governantes do Executivo, os
políticos do Legislativo, os juízes do Judiciário e os empresários, mas agora o
povo entrou no jogo também.
Vitória, domingo, 27 de novembro de
2005.
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