quinta-feira, 7 de dezembro de 2017


Armas de Hélio

 

Em seu livro Física em Seis Lições, 6ª edição, Rio de Janeiro, Ediouro, 2001, nas páginas 46/7, Richard P. Feynman diz: “Embora o gelo possua uma forma cristalina ‘rígida’, sua temperatura pode mudar – o gelo possui calor. Se quisermos, poderemos mudar a quantidade de calor. O que é o calor no caso do gelo? Os átomos não estão quietos. Estão ziguezagueando e vibrando. Assim, embora o cristal tenha uma ordem definida -, todos os átomos estão vibrando ‘no lugar’. À medida que aumentamos a temperatura, vibram com amplitude crescente, até se lançarem para fora do lugar. Isto se chama derretimento. À medida que diminuímos a temperatura, a vibração vai diminuindo até que, a zero absoluto, os átomos atingem a vibração mínima possível, mas não zero. Essa vibração mínima que os átomos podem ter não é suficiente para derreter uma substância, com uma exceção: o hélio. O hélio simplesmente diminui os movimentos atômicos o máximo possível; porém, mesmo a zero absoluto, ainda há movimento suficiente para evitar que congele. Mesmo a zero absoluto, o hélio não congela, a não ser que a pressão seja aumentada a ponto de os átomos se comprimirem mutuamente. Se aumentarmos a pressão, poderemos fazer com que se solidifique”.

Há várias questões aqui.

Podemos fazer uma arma de hélio, congelando-o e disparando-o contra qualquer substância: ao tocá-la o hélio “atrairia” o calor, transferindo-se vibração das moléculas da substância para o hélio a um ritmo definido conforme várias variáveis. “Vale o custo?” seria uma questão de economia. “É factível?” seria uma pergunta da engenharia. “Deve ser realizada?” é uma definição política.

Porque temos essa ânsia de resolver nossas questões com base na violência? Por quê não podemos caminhar no sentido contrário de aprimorar cada vez mais o diálogo explicativo? Por qual razão não aprimoramos nossa capacidade de dar explicações dos nossos atos supostamente ofensivos? Por quê não somos treinados nas escolas para o diálogo? Não há uma perversidade inerente nessa civilização permanentemente ofensiva? É esquisito, isso.

Podemos imaginar mil novas armas. Temos necessidade real delas? Penso que não.

Vitória, terça-feira, 13 de dezembro de 2005.

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