sábado, 2 de dezembro de 2017


Alimentando as Mulheres

 

Como meu pai e minha mãe receberam em suas sucessivas casas (sempre alugadas, antes de 1963) 28 pessoas entre irmãos e irmãs, sobrinhos e sobrinhas, parentes e estranhos, agora dei de levar pequenas coisas para as moças e mulheres da repartição onde estou presentemente trabalhando. Não fosse o Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) jamais teria reparado o estado de devoção delas por esses pequenos gestos.

Olhando bem, elas ficavam o tempo todo nas cavernas ou no terreirão defronte, nunca se afastando muito. Dependiam do que chamei “grande proteína”, porque a pequena, dos pequenos animais, elas obtinham em volta, não propriamente para si, porque podiam se alimentar de ervas e raízes e viver quase à míngua, mas para os queridinhos, os garotos que eram o centro da vida tribal. Assim, um homem que começasse a levar comida para uma mulher específica - ou várias - praticamente estava se casando com ela; ou elas. Não existia casamento formal nem muito menos monogamia e as mulheres (era a lógica: depender de um único depositante quando o objetivo era estar permanentemente grávida seria absurdo) transavam com qualquer um. Não obstante, se o objetivo era produzir queridinhos férteis e principalmente viris, que conseguissem levantar o pênis, produzindo abundante esperma, evidentemente a alimentação carnívora estava na ordem do dia. Trazer alimentos para a mulher, particularmente carnes, era financiar a produção de queridinhos, logo de futuro, logo de projeção da mulher na comunidade. Elas não apenas se sentiam protegidas como agradecidas, enchendo-se de calor de doação.

Não é atoa que dar uma caixa de bombons é fatal: ela têm gordura em abundância e açúcar para reações rápidas. Imagino que dar mel produza algo assim. Pode ser que dar açúcar antigamente produzisse tal efeito e até que ele se conserve mesmo hoje. E levar para jantar (em especial carnes) as deixará completamente vulneráveis. Mas de modo nenhum a mulher quererá pagar metade da conta ou mesmo uma parte: é como se ela tivesse de ir caçar, substituir o homem, SER O HOMEM. É o absurdo dos absurdos, mesmo nos tempos atuais. Mas o caminho da conquista não passa por uma doação só, nem esporádica, deve ser contínua e prometer linha, tempo futuro, não apenas presente.

Desse modo a conquista delas passa fatalmente - para quem quer usar esse artifício – pelo fornecimento de alimentos, pela alimentação. Embora os homens (porque caçavam e a alimentação era muito rude, carniça até, mas em geral caça tostada no fogo, carne endurecida e coisas colhidas na pressa) sejam conquistados não “pela boca” e sim por comidas cuidadas, é a Mulher geral que é dependente de variedade doada, umas mais e outras menos na Curva do Sino. Porque é sinal de sexo, promessa de sexo e produção de queridinhos.

Vitória, sábado, 26 de novembro de 2005.

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