Infernal Burocracia
Estatal
A
SEÇÃO BRASILEIRA DO INFERNO
Dizem que a seção alemã do inferno quase
não tinha ninguém na fila, porque todos os diabos de lá eram muito eficientes
e cumpridores dos deveres, assim como nas seções japonesa, suíça, canadense e
até inglesa e americana, ao passo que na seção brasileira formavam-se filas
gigantescas.
Um recém-chegado, ainda desconhecedor dos
babados, foi perguntar do por quê da diferença e um mais antigo na fila lhe
segredou:
- É que na seção brasileira os diabos faltam
por absenteísmo depois de beber muito, faltam para ir a jogo de futebol,
faltam porque a mãe morreu três vezes, levam atestado médico, chegam
atrasados, saem cedo, conversam muito e as caldeiras dão problemas, falta
carvão e tudo isso.
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Pois bem, a chamada Nova Gerência Infernal,
querendo mostrar trabalho, contratou firma brasileira de reengenharia, até
porque pretendia lançar ações “quentes” na Bolsa de são Paulo, cada vez mais
significativa no mundo. Mais adiante as propagandas dos marqueteiros do PT
iriam fazer tudo “pegar fogo” e no final os novos CEO (ih! O outro lado vai
ficar tiririca) do Inferno golpeariam para deixar os velhinhos e as velhinhas
sem nada, como as empresas americanas fazem (veja a ENRON), inclusive
fazendo-os voltar da aposentadoria para trabalhar e tentar sobreviver, ainda
mais precisando dos serviços do SUS (Serviço Universal Sacana).
Então, logo de cara o SEBRAI (Serviço
Brasileiro de Reengenharia Infernal) mandou despedir dezenas de milhares de
capetas só pra vê-los sofrer, o que eles agradeceram, pois eram masoquistas
condenados a uma eternidade de sofrimentos prazerosos; e os contrataram por 1/3
do salário anterior com o dobro de serviços.
Com esse pessoal, assim todo satisfeito, a
firma procurou açular os ânimos dos hóspedes, fazendo-os passar raiva quase
como nos bancos e nas repartições públicas. Tocaram fogo na turma, fazendo-a
procurar todos os processos desaparecidos, listas de 200 mil páginas de
letrinhas miúdas, tipo 5 ou 8, e a proceder a enormes cargas de miudezas inúteis
que introduziam novos temperos nas relações. As fofocas corriam soltas: será
que os chefes vão pegar fulano para trabalhar depois da hora? Nego ficava
torcendo: vai sim, vai sim. O ar condicionado central, claro, estava com
defeito, exceto nas salas dos computadores. Os melhores carros, tá na cara,
ficavam com os chefes. Freqüentemente os capetinhas iniciantes eram indiciados
em processos cabeludos que faziam os antigos estremecer de prazer.
Os chefes faziam previsões de catástrofes:
como a China vai fazer quando a economia de lá quebrar, agora que inventou prazer
para 300 milhões de nova classe média? Era diabólico! O povo infernal ululava
de prazer, chegavam a salivar, mas logo a saliva lhes queimava nos lábios,
chiando.
Quanto aos novos preços da energia? Durante
quase duas décadas o preço do kWh subira muito além da inflação, desde 1994, e
agora iria baixar um tiquinho de nada e só um ano. Era a conta dos pobres
diabos urrarem de satisfação. Que coisa, a maldade do Diabão era uma Arte com A
maiúsculo.
Alguém dizia: - Esse lugar é um inferno! E os
outros respondiam, sabendo que era inviável: - vá pro céu! Há, há, há.
Eles sabiam se divertir.
E os antigos contavam da época em que todo
mundo foi induzido a mudar para o álcool nos carros e depois as usinas fecharam
as torneiras e os carros todos ficaram nas garagens.
Ah, como eram bons os tempos antigos,
suspiravam, as novas gerações não conhecem esse tipo de arte-manha.
E ficavam sonhando com os bons tempos.
Serra, sexta-feira, 19 de outubro de 2012.
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