quinta-feira, 27 de outubro de 2016


Inferno Dedante II

 

Já contei do dedão que arranca lágrimas dos camaradas, para todas as outras coisas durões, conhecia vários, mas fingia que não na sua hora de constrangimento e angústia, eles saíam do consultório trágico do otorrinolaringologista (não estranhe, é urologista, mas alguns diziam que ia lá na garganta) literalmente abatidos; e igualmente eles, fingiam que não me viam.

Bem, as mulheres iam para nos ver sofrer (“agora você vão ver o que é bom”), principalmente aquelas cujos homens covardes batiam nelas, nós tínhamos uma turma em JP que quando sabia de um levávamos para um terreno bandido (é baldio, mas a gente estava se referindo aos caras, à sub-homenidade) e dávamos um trato no meliante, com cuidado para não deixar marcas do lado de fora, mas agora temos diminuído isso porque o número de terrenos vem diminuindo bastante, mercê do avanço irresistível das imobiliárias, que vão comprando para erguer prédios. Tentamos nos bairros vizinhos, mas eles já estavam ocupados, o pessoal fez cara feia, vimos que já tinham uso, não fomos mais.

Bem, daqueles que batem nelas elas vão para rir pelo cantinho dos lábios, quem está do lado esquerdo ou direito, conforme o caso, percebe, ou quem está defronte, em geral outras mulheres, porque os homens estão de cabeça baixa.

Os homens mesmo, os que não batem, são companheiros, esses as mulheres vão para apoiar.

Mas, e eu?

Por que eu vou?

Bem, ele tem aquele dedão amedrontador, já contei. Por que não ir então a outro, de dedo normal? Calhou que esse corno filho da puta é o melhor da cidade, pode isso? Às vezes, para poupar, você vai a outro, mas não é tão bom, não é seguro, tem de ir a dois e talvez a um terceiro, não fica seguro, então vai logo no inferno que o capeta te enfia o garfo (pelo cabo, claro).

Tem gente que gosta.

Por exemplo, soube de um colega fiscal que foi 11 vezes pedir uma segunda opinião nos outros, não satisfeito foi seis vezes ao Doutor Dedão (ele é conhecido assim, pode perguntar na cidade, nego sabe o endereço e o telefone, às vezes tem até torcida lá em baixo, o pessoal bate palmas e tudo, você passa empinadinho sem olhar para os lados, mas todo orgulhoso da provação), até que ele falou para a enfermeira não aceitar mais.

Vou por isso, é garantido, um ano inteiro! São 12 meses de garantia, 365 dias, sabe lá o que é isso? No momento em que você sai de lá, pensa: “365 dias, meu Deus! ” Poucas satisfações são maiores.

Então, vou porisso, é garantido.

Também, com um dedão daqueles acho que as próstatas ficam até intimidadas, é o que penso.

Toque retal.

Ui.

Serra, sábado, 30 de janeiro de 2016.

GAVA.

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