Importação
de Mão-de-Obra
Dois empresários estavam conversando sobre os
custos de mão-de-obra no Brasil, os tais braçais, aquele povo sem cabeça,
porque se tivesse seria empresário, ainda mais com o governo ajudando como
podia e como não podia, de toda forma, desde facilitando a sonegação e
dificultando a ação fiscal a proporcionar subsídios da guerra fiscal,
patrocínio dos terrenos e instalações de água e energia e outras urbanizações,
tinha de saber pegar, e reclamar, reclamar sempre que “estava ruim”, “assim não
vamos conseguir dar empregos”, aquela coisa toda.
Sem dúvida nenhuma a culpa é dos operários se
o salário não cai abaixo de 788, diz que vai para 870, onde vamos parar? Tem
uns sacanas aí dizendo que o salário mínimo histórico deveria estar em 3.500,
sei lá o quê, vá ver na Internet, é um absurdo, assim vou me candidatar ao SM,
paro de agenciar pelo lucro polpudo e vou viver numa boa, essa folga de 2.107
horas constitucionais por ano, quer coisa melhor que trabalhar aos sábados?
OPERÁRIOS
BONS SÃO AQUELES HINDUS
Lotação completa e o povo de cima todo
alegre, estão ao vento, não são esses reclamões de cara fechada daqui, não.
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Olha só o pessoal correndo para pegar
lugar, na ânsia de chegar ao trabalho e lutar pela bolacha nossa de cada dia.
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Olha só que felicidade! Aqui, não podem ir
40 em pé e já estão emburrados.
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As crianças aprendendo desde cedo os
apertos da vida para serem operários ajuizados e cumpridores do dever, sempre
devendo.
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PATRÃO I – tô pensando em trazer um pessoal
da Índia.
PATRÃO II (cauteloso) – você sabe, ao chegar
aqui eles vão apelar às leis brasileiras, não vai adiantar nada.
PATRÃO I – nós modificamos a lei, ora bolas,
acordo de cooperação internacional, essas coisas.
PATRÃO II – onde você vai encontrar apoio?
Quer dizer, nós? Ranço, você tem de pensar melhor. Só se fossem deputados da
bancada ruralista.
RANÇO – pensar melhor, por quê? Temos de ir
no choque, na instalação, no fato acontecido (quando ele ficava nervoso
esquecia que fato já é o acontecimento), pare com isso, Azedume.
AZEDUME – é temerário, vamos comprar briga à
toa. Depois, mesmo eles aceitando qualquer coisa, tem o aprendizado da língua,
tem abrigo, vão exigir como os folgados daqui vale transporte, vale refeição,
os 60 % de custos sociais do salário.
RANÇO – melhor se não souberem a língua, só
vão trabalhar sem perguntar e sem responder. Trago com visto de turista,
escondo.
AZEDUME – vai por mim, vai dar merda.
Serra, quarta-feira, 13 de janeiro de 2016.
GAVA.
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