sexta-feira, 28 de outubro de 2016


Meiodilha

 

Pegaram em Vitória uma quadrilha composta de um cadeirante que só movia os braços e um anão, não era uma quadra, era metade de uma quadra, era meio de uma quadra (quatro, no falar do povo brasileiro, por exemplo, é preciso quatro congressistas para formar quadrilha, se forem só dois não caracteriza, é dupla), era uma meiodilha.

Fiquei imaginando a cena.

ANÃO – mãos para o baixo, onde eu possa vê-las (ele usava uma 11, metade de uma 22, mas cada bala era uma agulhada, incomodava mesmo).

CADEIRANTE – não corre, não, a bala é mais rápida que você.

Ficaram juntos na mesma cela, o anão fazia as vezes de pernas do cadeirante, este pensava por aquela dupla que não dava dois (como Yoko e John), a união faz a força.

Os outros presos não implicavam com eles, gostavam de ver a união, era tocante, até, era emocionante como um cuidava do outro, eram irmãos, procê ver. Adquiriram o respeito da rapaziada, eles iam pedir conselhos, veja o que é a vida, há lugar para todos.

Serra, sexta-feira, 28 de outubro de 2016.

GAVA.

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