Meiodilha
Pegaram em Vitória uma quadrilha composta de
um cadeirante que só movia os braços e um anão, não era uma quadra, era metade
de uma quadra, era meio de uma quadra (quatro, no falar do povo brasileiro, por
exemplo, é preciso quatro congressistas para formar quadrilha, se forem só dois
não caracteriza, é dupla), era uma meiodilha.
Fiquei imaginando a cena.
ANÃO – mãos para o baixo, onde eu possa
vê-las (ele usava uma 11, metade de uma 22, mas cada bala era uma agulhada,
incomodava mesmo).
CADEIRANTE – não corre, não, a bala é mais
rápida que você.
Ficaram juntos na mesma cela, o anão fazia as
vezes de pernas do cadeirante, este pensava por aquela dupla que não dava dois
(como Yoko e John), a união faz a força.
Os outros presos não implicavam com eles,
gostavam de ver a união, era tocante, até, era emocionante como um cuidava do
outro, eram irmãos, procê ver. Adquiriram o respeito da rapaziada, eles iam
pedir conselhos, veja o que é a vida, há lugar para todos.
Serra, sexta-feira, 28 de outubro de 2016.
GAVA.
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