sexta-feira, 2 de setembro de 2016


O Vigário dos Índios Aliou-se a Dom Pedro


 

Stanislaw Ponte Preta (pseudônimo de Sérgio Porto) escreveu FEBEAPÁ (Festival de Besteira que Assola o Brasil – se estivesse vivo teria muito mais material hoje, um desperdício) e fez esta música.

SAMBA DO CRIOULO DOIDO


Foi em Diamantina
Onde nasceu JK
Que a princesa Leopoldina
Arresolveu se casá
Mas Chica da Silva
Tinha outros pretendentes
E obrigou a princesa
A se casar com Tiradentes
Lá iá lá iá lá ia
O bode que deu vou te contar
Lá iá lá iá lá iá
O bode que deu vou te contar
Joaquim José
Que também é
Da Silva Xavier
Queria ser dono do mundo
E se elegeu Pedro II
Das estradas de Minas
Seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta
O vigário dos índios
Aliou-se a Dom Pedro
E acabou com a falseta
Da união deles dois
Ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão
E foi proclamada a escravidão
Assim se conta essa história
Que é dos dois a maior glória
Da. Leopoldina virou trem
E D. Pedro é uma estação também
O, ô , ô, ô, ô, ô
O trem tá atrasado ou já passou

O “vigário dos índios”, padre jesuíta espanhol José de Anchieta viveu de 1534 a 1597, 63 anos entre datas (meio de vida em 1565), ao passo que Dom Pedro (II) viveu de 1825 a 1891, 66 anos entre datas (meio de vida em 1858), quase três séculos entre ambos. Não poderiam ter convivido, daí a graça da música.

No caso em que estamos falando, sim, pois eram fantasias de carnaval, o vestido de Anchieta visando catequizar as índias e o outro de Dom Pedro Seguindo as pizzas brotinhos e as pizzas brotão também.

Beberam todas, acabaram por começar um daqueles papos de bêbado em que se termina por descobrir que somos primos. Choraram um no ombro do outro, debulharam-se em lágrimas, emocionados com a oportunidade de compartilhar tão excelsas companhias. Na realidade, quando sãos passaram inúmeras vezes um pelo outro e nem deram bola, nem bom dia.

Bêbados, descobriram afinidades, decidiram montar negócio juntos, decidiram explorar os índios, nesse caso as reservas indígenas que continham tantos minérios entregues àqueles “crápulas”, sentados literalmente em cima do ouro, sem raciocinar que eram RESERVAS biológicas e socioeconômicas, protegiam a todos os brasileiros da ganância desenfreada do século. Os índios estavam nos prestando favores por sua pertinência geo-histórica.

Montaram uma mineradora e partiram para lá, e lá foram partidos, “que índio não é bobo, não”. Aquela época de trocar bugigangas por territórios já passou, agora eles têm assessoria de grandes firmas de advocacia com sede em Manhattan que estão de olho em sociedades dimensionalmente amazônicas.
Serra, quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012.

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