As Casas Vazias
No ônibus vejo os trabalhadores e
trabalhadoras, donas de casa, crianças; não são ricos nem médio-altos, sequer
são médios, são pobres. Raros e raras lêem, a maior parte viaja 40 minutos ou
hora e meia ou mais olhando pela janela ou de cabeça baixa ou tentando dormir
ou dormindo, poucas vezes sequer conversando.
As horas constitucionais de trabalho são
2.107/ano. Considerando 8 horas dia dá pouco mais de 263 dias/ano. Tomando
apenas (é mais) duas horas de viagem por dia, são mais de 525 horas/ano nos
transportes públicos ou em espera em pontos, talvez até o dobro disso. Em 35
anos de trabalho dos homens e 30 anos das mulheres estas empregam em torno de
16 mil horas e aqueles 18 mil, talvez até o dobro.
HORAS EMPREGADAS EM
VIAGENS POR TRABALHADORES
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NEM UM livro lido. Zero. Necas de
pitibiribas.
As cabeças pendem, eles tentam se esconder de
si mergulhando no sono, fecham os olhos, não querem compromissos com o saber e
com o ter de decidir.
A
PEA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA NO BRASIL
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Faça as contas: para ficar fácil, tomemos 60
milhões de trabalhadores x 20 mil, dá (60 x 1.000.000 x 20 x 1.000 = 1.200 x
1.000.000.000 =) 1,2 trilhão de horas perdidas. Eles não fazem questão de ler,
nem as elites fazem questão de que leiam.
Nada sabem do universo, nem do planeta, nem
das nações, nem dos estados, nem das cidades-municípios, nem das empresas, nem
dos grupos, nem sobre as famílias, nem sobre si.
Vivem ausentes.
Serra, terça-feira, 25 de setembro de 2012.
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