quarta-feira, 28 de setembro de 2016


A Natureza da Minha Ignorância

 

Acontece cada uma que só vendo!

Me poco de rir.

Isso que vou contar procê não é de um dia só, nem sequer de um ano só, foram vários anos, provavelmente várias décadas, não vou poder contar todas. Foram juntando na minha memória e agora coloco um pouco pra fora, não temos mesmo muita coisa pra fazer, só estamos aqui na sombra e na cerveja fresca, peixinho frito, limão, rede balangando, um cafezinho que a mulher faz, a tarde sonolenta puxa o papo.

Teve aquela vez que o cara veio me falar de 30 milhões de espécies. Não foram 30 mil, nem mesmo 300 mil, dizia ele que a vida na Terra era sustentada por uma AMPLA REDE (assim mesmo, o otário, quase gritando, estava querendo me dar lição) nos amparando em nossa “vida inconsciente” (assim mesmo, o bosta mole, como se eu fosse algum otário). A única rede que conheço é essa na qual estou e na qual você está, compadre. Passa a cerva.

Da outra vez foi uma moça que sentou-se à mesa, estava com meu filho, sei lá, foi bem antes da que ele casou, acho que era bióloga, veio falar da importância dos fungos para as raízes das árvores, que eles fixam nitrogênio e mais um monte de baboseiras, não entendi porra nenhuma, fiquei boiando. Fungos, nitrogênio, que merda é essa? Nunca vi, já puxei muita árvore pelas raízes com o trator, nunca vi fungo nenhum. Aí começou a lengalenga da proteção das árvores e das matas, puta que o pariu, logo eu, que sou madeireiro, que vivo de derrubar árvores? Nem bem acabou com esse cocô veio falar a proteção dos animais e dos primatas. Há, Há, Há, ri demais, ainda bem que o Zequinha abandonou aquela coió.

Teve uma vez, foi recente, essa foi a mais doida de todas, acho que atraio os loucos, só pode. Esse cabra veio falar de “bioinstrumentos” dos homens (cães e cachorros) e das mulheres (são tantos que nem lembro). Diz que a humanidade foi formada do lado masculino pelos BIM (bioinstrumentos masculinos, até aprendi a sigla, de tanto que aquela besta falou e repetiu, quase que levantei pra dar porrada nele). Disse ele que nós devemos nossa formação aos cães e aos cavalos. Quase vomitei os tira-gostos, não parava de rir, por pouco não tive uma apoplexia, precisaram me bater nas costas. Você não vai acreditar, ele disse que devemos a esses dois animais. Nem tenho cavalo! E vai me dizer que o Fred, esse Fred que está dormindo ali fez alguma coisa por mim? Eu que alimento ele! Puta que o pariu, tem muito desocupado no mundo! Roni, dessa vez cheguei a levantar para dar um bofete nele, ainda bem que me seguraram.

Matilde, traz uma gelada pra nós.

E teve a vez que o animal veio falar de tudo que devemos aos animais, por exemplo, à vaca que dá leite, dele saindo todos os derivados. Se não fosse a vaca seria a cabrita, sei lá, merda, eu tenho que me preocupar com tudo? E às plantas, ficou listando tudo, foi um saco.

Matilde, essa cerveja sai ou não sai? Empregada é fogo.

Serra, segunda-feira, 17 de setembro de 2012.

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