terça-feira, 27 de setembro de 2016


Quebra-galho

 

Como dizem os brasileiros, “quem quebra galho é macaco gordo”.

A que atribuir o “jeitinho brasileiro”, essa tolerância indevida, a violação das regras, o ultrapassamento das medidas?

Segundo se diz, no Brasil há (como no caso das vacinas) “leis que pegam” e “leis que não pegam”, neste caso as que são votadas, entram em vigor, mas ninguém obedece. Num país no qual desde a constituição federal de 1988 já se viu o aparecimento de 4,2 milhões de leis, isso não é de admirar.

MARIA QUEBRA-GALHO

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Um país sem profissionalismo e sem seriedade.

As pessoas “amigas” pedem aos amigos empregados em repartições governamentais ou escritórios privados para “quebrar-galho”, quer dizer, para descumprir as regras e as normativas, afrouxando-as, aceitando documentos depois do prazo, em desconformidade, faltando isso e aquilo. Não só os conhecidos, também os desconhecidos. Todo mundo se acha no direito de violentar as normas.

“Quebra esse galho pra mim? ”

Faltam papéis, faltam carimbos, faltam firmas reconhecidas – tudo vale. Diz respeito à frouxidão civilizatória. Dizem que na Bahia é pior. De fato, enquanto no ES os livros fiscais só são aceitos encadernados, na Bahia (pelo menos num caso) são aceitos de qualquer jeito. Seria interessante levantar no Brasil inteiro.

Tem origem na civilização portuguesa, combinada com o perdão católico e o calor tropical brasileiro multiplicador das colheitas e da tolerância. De certo modo, tem de ser assim mesmo, só não pode ser excessivo. Nenhum psicólogo-sociólogo analisou a contento a extensão dessas desculpas que dizem respeito ao afrouxamento dos padrões, à lassidão civilizatória que deixa bambos os parafusos nas porcas e em perigo toda construção.

Como conservar o que é bom e repudiar o que é ruim? Muita calma nessa hora.

Como essa soma da tolerância foi construída?

Como os vetores se juntaram neste único? Africanos, asiáticos, europeus e primeiro-americanos, os índios, se reuniram nesse portento que é a civilização tropical brasileira e produziram essa brandura exagerada, o pedido de ultrapassamento das medidas. Onde ele é mais presente, onde encontra dificuldade para se firmar (podemos dizer que no Sul e Sudeste estejam menos presentes, neste caso basicamente em São Paulo)? Onde existem mais japoneses e europeus a fadiga será menor.

Será mapa interessantíssimo com suas montanhas e vales

MAPA DA MOLEZA

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Serra, quarta-feira, 08 de agosto de 2012.

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