Quebra-galho
Como dizem os brasileiros, “quem quebra galho
é macaco gordo”.
A que atribuir o “jeitinho brasileiro”, essa
tolerância indevida, a violação das regras, o ultrapassamento das medidas?
Segundo se diz, no Brasil há (como no caso
das vacinas) “leis que pegam” e “leis que não pegam”, neste caso as que são
votadas, entram em vigor, mas ninguém obedece. Num país no qual desde a
constituição federal de 1988 já se viu o aparecimento de 4,2 milhões de leis,
isso não é de admirar.
MARIA
QUEBRA-GALHO
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Um país sem profissionalismo e sem seriedade.
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As pessoas “amigas” pedem aos amigos
empregados em repartições governamentais ou escritórios privados para
“quebrar-galho”, quer dizer, para descumprir as regras e as normativas,
afrouxando-as, aceitando documentos depois do prazo, em desconformidade,
faltando isso e aquilo. Não só os conhecidos, também os desconhecidos. Todo
mundo se acha no direito de violentar as normas.
“Quebra esse galho pra mim? ”
Faltam papéis, faltam carimbos, faltam firmas
reconhecidas – tudo vale. Diz respeito à frouxidão civilizatória. Dizem que na
Bahia é pior. De fato, enquanto no ES os livros fiscais só são aceitos
encadernados, na Bahia (pelo menos num caso) são aceitos de qualquer jeito.
Seria interessante levantar no Brasil inteiro.
Tem origem na civilização portuguesa,
combinada com o perdão católico e o calor tropical brasileiro multiplicador das
colheitas e da tolerância. De certo modo, tem de ser assim mesmo, só não pode
ser excessivo. Nenhum psicólogo-sociólogo analisou a contento a extensão dessas
desculpas que dizem respeito ao afrouxamento dos padrões, à lassidão
civilizatória que deixa bambos os parafusos nas porcas e em perigo toda
construção.
Como conservar o que é bom e repudiar o que é
ruim? Muita calma nessa hora.
Como essa soma da tolerância foi construída?
Como os vetores se juntaram neste único?
Africanos, asiáticos, europeus e primeiro-americanos, os índios, se reuniram
nesse portento que é a civilização tropical brasileira e produziram essa brandura
exagerada, o pedido de ultrapassamento das medidas. Onde ele é mais presente,
onde encontra dificuldade para se firmar (podemos dizer que no Sul e Sudeste
estejam menos presentes, neste caso basicamente em São Paulo)? Onde existem
mais japoneses e europeus a fadiga será menor.
Será mapa interessantíssimo com suas
montanhas e vales
MAPA
DA MOLEZA
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Serra, quarta-feira, 08 de agosto de 2012.
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