A Flecha da Promessa
Comecei a pensar a partir da música.
O
ARCO DA PROMESSA NO AZUL PINTADO (depois da chuva)
Amor de Índio
Tudo que move é sagrado
E remove as montanhas Com todo cuidado, meu amor Enquanto a chama arder Todo dia te ver passar Tudo viver ao teu lado Com o arco da promessa No azul pintado pra durar
Abelha fazendo mel
Vale o tempo que não voou A estrela caiu do céu O pedido que se pensou O destino que se cumpriu De sentir teu calor E ser todo Todo dia é de viver Para ser o que for E ser tudo
Sim, todo amor é sagrado
E o fruto do trabalho É mais que sagrado, meu amor A massa que faz o pão Vale a luz do teu suor Lembra que o sono é sagrado E alimenta de horizontes O tempo acordado de viver
No inverno te proteger
No verão sair pra pescar No outono te conhecer Primavera poder gostar No estio me derreter Pra na chuva dançar E andar junto O destino que se cumpriu De sentir teu calor E ser tudo
Composição: Beto Guedes, Ronaldo Bastos
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Não se pode dizer que Deus seja enfeitado: se você
tivesse uma super-capacidade faria tudo para escondê-la?
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Não existe arco sem flecha, tanto assim que a
gente diz “arco e flecha”, como se os dois fossem um e o mesmo. Existir só o
arco sem flecha não faz sentido, nem o contrário. A flecha, sem instrumento que
a atire, torna-se uma espécie de lança curta, curtíssima – a lança é a flecha
comprida, cujo arco é o próprio braço, poderíamos dizer.
ARCO
E FLECHA
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Caiu a ficha.
Quer dizer, caiu a flecha.
Bom, se o arco-íris é o arco, a flecha-íris é
outra coisa, não a vemos. Pelo tamanho do arco-íris deve ser enorme e ninguém
esperaria que um ser humano (homem ou mulher) pudesse atirá-la, nem qualquer
racional de qualquer mundo, porisso deve ser alguém bem grande e nisso só posso
pensar em Deus, nem os gigantes de antigamente poderiam fazer isso, pois a
corda do arco chega a ter vários quilômetros.
ARCO-ÍRIS
E FLECHA-ÍRIS
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Quando pensei isso tomei um susto danado! Jesus!
Vou te contar, quase caí de costas! Fiquei abalado mesmo.
Porque pensei assim: nestes milhares de anos,
desde quando o mundo foi destruído por água naquele antigamente de Noé (mais de
uns cinco mil anos, eu acho), Deus nunca mexeu no arco. Fiquei pálido (é claro
que a gente não sabe mesmo que ficou pálido, não está se vendo no espelho, mas
é o frio, o sangue foge da pele, ela esfria e embranquece, a gente conhece o
mecanismo, mas nem porisso é menos assustador).
Chegou a dar tontura.
Baixei a cabeça para recuperar o equilíbrio,
respirei fundo, aprumei o corpo e fiquei vários minutos em silêncio.
Porque, vamos e venhamos, se o arco está aí
há todos esses milênios e nunca disparou, o que acontecerá quando disparar?
Hem, você já pensou? E se Deus colocar a flecha (enorme de grande, a flecha de
Deus, as mulheres vão ficar mai impressionadas) e subitamente, sem qualquer
aviso, disparar, o que irá acontecer? Eu não sei, você sabe? Bom, as pessoas
dizem que o mundo vai acabar em fogo, de repente é uma flecha de fogo, sei lá,
né? Tudo pode acontecer.
Depois disso tenho estado inquieto. Falei com
algumas pessoas, que também ficaram impressionadas. Uma coisa assim dentro do
peito, sabe, uma inquietação, uma palpitação, uma falta de ar, uma aflição que
me corrói, vou te contar, não está sendo bom, algo assim inexplicável, como se
eu tivesse sido comunicado antes, será que pode ser isso?
Nada está me curando.
Já tomei água de coco, já fiz simpatia, já
fiquei sem engolir para ver se foi de soluço, já rezei, já confessei e
comunguei, já fiz de tudo. Já fui até a rezadeira.
É a sensação, entende?
De que se Deus colocar a flecha no arco vamos
nos ferrar direitinho!
Serra,
terça-feira, 11 de setembro de 2012.
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