sexta-feira, 2 de setembro de 2016


O Gordão dos Puxa-Sacos


 

Além de puxa-saco (veja que acima coloquei no plural, ele não se contentava com um só, precisava puxar de muitos, era pior que o Fagundes, personagem puxa-saco do Laerte).

Ele era gordo, gordo mesmo.

GORDO.

Era obeso, imenso, e quando digo GORDO é para você acreditar; como disse alguém, acho que o Grouxo Marx, aquele cara tinha até longitude. Era incrível como ele conseguia andar, duas pernas que eram toras. Ah, meu irmão, não dava para ser politicamente correto, nem político dava.

Bobo ele não era.

Era inteligente.

E como todo gordo, procurava se enturmar, contando piadas e puxando saco, procurando abrandar o complexo que tinha, procurando a aceitação de todos e cada um. Como baixar o colesterol? Ele tinha uma fórmula secreta que fornecia só para os amigos, quer dizer, todos. Uma beberagem milagrosa para reduzir a glicose? Era com ele.

Era do Cordão, o Clube dos PS, puxa-sacos, pagava mensalidade e tudo. No Brasil esse clube tinha muitos adeptos, pois eram muitos os puxa-sacos, principalmente de chefes, já que o Estado geral tinha, dizem, seis milhões de funcionários, sem falar dos puxa-sacos privados. Era extraordinária essa dependência de baixar tanto a ponto de mostrar a bunda.

Claro que isso tinha valor de sobrevivência!

Senão, seria o quê? Como os puxa-sacos chegaram até o presente? Passaram seus genes aos descendentes através de toda a geo-história e se você for ver, encontrará em cada ponto da história e da geografia um ou vários. É gente a que a liberdade ofende, gente necessitada de dependência. Vem lá de trás na biologia, passou à psicologia e avança. Há em todos os países, por mais remotos no espaço e no tempo.

O Gordão queria concorrer em duas categorias (obesidade, levando nisso a torcida dos obesos desejosos de se ver representados, e puxa-saquice, nesta torcida juntando-se os puxa-sacos, cada qual querendo puxar mais para sobressair, porém a concorrência no Brasil era terrível, o ES se fazendo representar com galhardia). Os governos e as empresas estimulavam a disputa por baixo dos panos, porque pensavam que essa falta de hombridade facilitava a vida dos chefes. Era pura indignidade, mas indignidade boa, “do bem”, já que proporcionava felicidade expansiva a toda uma classe de pessoas (pense só quantos votos!).

Gordão era ambicioso, porque queria também ganhar o Rei Momo no carnaval, teve estafa, ficou no hospital, precisou emagrecer a pulso, perdeu a condição de gordão, mas continuou puxa-saco, que isso era incurável em certos brasileiros.

Serra, terça-feira, 06 de março de 2012.

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