Faquinha,
O Faquir
Arnaldo foi fazer uma operação bariátrica no Brasil
pelo SUS e como acontece em certas ocasiões, deram-lhe injeção errada e houve
contaminação genética, o estômago dele se transformou em estômago de avestruz,
podia comer qualquer coisa, o que era excelente em termos de frequentar os
bares do país. Vai que vai, ele não perdeu a oportunidade, tratou logo de
capitalizar em cima disso e virar guru com um nome qualquer hindu,
Brahmapananda Upanishad, foi para Índia e voltou de lá transformado, pronto
para explorar seus conterrâneos (ele poderia ter tomado aulas com os políticos,
demoraria menos, passaria menos fome).
- Quem é aquela figura?
- É o Brahma, mas o pessoal às vezes o chama
de Antártica, para fazer raiva, ele vira uma fera. Outros chamam de Shin,
outros de Devasso e assim por diante.
- Que sujeito estranho.
- É. Ele é faquir.
- Que é aquela sacola de pregos?
- Ah, ele leva trabalho para casa, é muito
devotado. Depois de ficar nas praças deitado e sentado em cima de uma cama de pregos,
guarda o objeto no seu Manoel e leva uma sacola para casa.
- Tinha até vontade de conhecer a figura.
- Ih, cara, não entra nessa, para começar o
tapete de boas vindas dele é feito de pregos cortantes, afiados, você já começa
mal. Depois, tem o lance da bebida, ele vai te servir uísque “on the rocks”.
- Eu gosto!
- É, mas as pedras são cubos de vidro para
você mastigar.
- Cruzes.
- Depois, ele é exigente em termos de
alimentação, só come as comidas que gosta.
- Posso gostar, você é amigo dele?
- Sou, mas você não vai gostar, não: gilete
ao molho pardo, navalhas gratinadas, sopa de pregos, aipim frito com tachinhas,
essas coisas. Quando vou lá levo minha própria comida, ele é bom papo quando
conta as aventuras dele. Achou que ia enganar os bobos daqui, você ri pra
caramba, não sabia que já tem tantos governantes enganando os brasileiros bobos.
- E o que é aquele monte de faquinhas na
cintura dele? Canivetes?
- Faquinhas, aperitivos, tira-gostos. Ficou
viciado. É porisso que o chamam de Faquinha, o Faquir. Ele fica bravo pra
caramba. Não pode passar sem elas, carrega para todo lado. Não chame de
canivetes.
- Por quê?
- Ele induziu o irmão a fazer a mesma
operação. Tá, dois faquires na mesma casa. Vai que esse irmão, o Rodolfo,
Krishnavedanta, achou de comer canivetes, um fechou parcialmente, enganchou dos
dois lados da garganta pra baixo, entalou, não conseguiram fazer descer nem
tirar, morreu sufocado, ele tem horror de ouvir falar. O último de falou em
canivete perto dele morreu de parada cardíaca.
Serra, quinta-feira, 08 de março de 2012.
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