O Ovo Babado do Cara
Dourado e o Círculo Oitavo
São traduções legítimas na Rede
Cognata: El Dorado = CARA DOURADO = OVO BABADO = CIDADE OCULTA = CÍRCULO OITAVO
= CÍRCULO DOBRADO = CÍRCULO EQUATORIAL = URDIDURA TECIDA = GERADOR TEIA e assim
por diante. Não sei expor as razões, se é que existem.
Contudo, tais esquisitices nos lembram
de outro elemento que nunca é bastante desenvolvido nos romances e nos filmes:
a complexa tramurdidura ou, como estou preferindo dizer, tecidurdidura.
Evidentemente se houvesse na Terra uma pessoa que tivesse a chave para entrar
no que já estamos imaginando ser um complexo em El Dorado esse “cara dourado”
seria paparicado tremendamente, assim como a Gení da música Gení e o Zepelim de Chico Buarque.
Entrementes, se o Cara Dourado não
fosse nada bobo e enfeixasse o poder formar-se-ia em volta dele um “círculo
oitavo” (8 ou ∞), assim como apareceu na realidade nos dois círculos, como
mostrado (e é cognato).
O
CÍRCULO OITAVO NA REALIDADE
|
Parece mesmo um oito.
“Círculo oitavo” seria como se
chamaria o comitê central, o comitê governante, os bajuladores de dentro - os
que se reuniriam para excluir os de fora -, a turma dos privilégios, das
mordomias, dos aproveitamento das “dachas” russas, a nomenklatura.
ISSO não aparece nas FC nem nos
romances.
Como é que se desenvolve a psicologia
da bajulação? E porque ela é aceita e até estimulada? Por quê há gente que se
sujeita a esse serviço vil, para além do aproveitamento, pelo gosto mesmo de
capacho? Tudo isso deve ser levado em conta no desenvolvimento futuro da nova
FC e dos novos romances. É claro que há muitos grandes romances com excepcional
desenvolvimento de caracteres, mas é preciso ir mais longe e mais fundo.
Vitória, sábado, 28 de janeiro de
2006.
JOGA
PEDRA DO CARA DOURADO
Geni E O Zepelin
Chico Buarque
De tudo que é
nego torto
Do mangue e do cais do porto Ela já foi namorada O seu corpo é dos errantes Dos cegos, dos retirantes É de quem não tem mais nada Dá-se assim desde menina Na garagem, na cantina Atrás do tanque, no mato É a rainha dos detentos Das loucas, dos lazarentos Dos moleques do internato E também vai amiúde Com os velhinhos sem saúde E as viúvas sem porvir Ela é um poço de bondade E é por isso que a cidade Vive sempre a repetir Joga pedra na Geni Joga pedra na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Um dia surgiu, brilhante Entre as nuvens, flutuante Um enorme zepelim Pairou sobre os edifícios Abriu dois mil orifícios Com dois mil canhões assim A cidade apavorada Se quedou paralisada Pronta pra virar geléia Mas do zepelim gigante Desceu o seu comandante Dizendo - Mudei de idéia - Quando vi nesta cidade - Tanto horror e iniqüidade - Resolvi tudo explodir - Mas posso evitar o drama - Se aquela formosa dama - Esta noite me servir Essa dama era Geni Mas não pode ser Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni Mas de fato, logo ela Tão coitada e tão singela Cativara o forasteiro O guerreiro tão vistoso Tão temido e poderoso Era dela, prisioneiro Acontece que a donzela - e isso era segredo dela Também tinha seus caprichos E a deitar com homem tão nobre Tão cheirando a brilho e a cobre Preferia amar com os bichos Ao ouvir tal heresia A cidade em romaria Foi beijar a sua mão O prefeito de joelhos O bispo de olhos vermelhos E o banqueiro com um milhão Vai com ele, vai Geni Vai com ele, vai Geni Você pode nos salvar Você vai nos redimir Você dá pra qualquer um Bendita Geni Foram tantos os pedidos Tão sinceros, tão sentidos Que ela dominou seu asco Nessa noite lancinante Entregou-se a tal amante Como quem dá-se ao carrasco Ele fez tanta sujeira Lambuzou-se a noite inteira Até ficar saciado E nem bem amanhecia Partiu numa nuvem fria Com seu zepelim prateado Num suspiro aliviado Ela se virou de lado E tentou até sorrir Mas logo raiou o dia E a cidade em cantoria Não deixou ela dormir Joga pedra na Geni Joga bosta na Geni Ela é feita pra apanhar Ela é boa de cuspir Ela dá pra qualquer um Maldita Geni |
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