A Caverna Cuida dos
Cabelos
As mulheres ficavam nas cavernas.
Fora todas as ocupações (filhos em
penca, coleta, plantações iniciais, confecção de objetos, uma luta infindável
diária que as atuais herdaram das antigas molecularmente) sobrava sempre algum
tempo; de todo modo os hominídeos herdaram dos primatas-chimpanzés que herdaram
dos macacos o ato de procurar piolhos e outras infestações.
O cabelo dos homens nas caçadas
certamente era deplorável, até como proteção contra insetos (o maior de todos
os perigos inicialmente) nos acampamentos, um emaranhado inacreditável,
fedorento, emplastado, algo de dar medo mesmo, até com o esse objetivo de
assustar as feras.
O cabelo das mulheres era diferente,
pois não podia ser causa de contaminação dos bebês (com toda certeza elas não
deixavam os homens terem muito contato com eles): sempre tratado com ervas,
penteado, persistentemente catado, cortado, organizado mesmo, como é hoje. Elas
continuam gastando fortunas nos cabelos, não só como forma de atrair os homens.
É claro que isso cria uma psicologia
das miudezas, pois todo ato gera alma-reflexa; o ato continuado força trilhas
persistentes, observadora dos detalhes, de modo que as mulheres provavelmente
serão boas pesquisadoras das minudências, das minúcias, dos pormenores.
Vitória, terça-feira, 09 de maio de
2006.
CABELOS
DA RAINHA
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