sábado, 6 de janeiro de 2018


O Álbum de Figurinhas de Edmardo e as Flâmulas de Anton Antonovich

 

Não sei se existe algum russo chamado Anton Antonovich (Anton Filho de Anton), é apenas um nome criado para as finalidades do artigo.

O Edmardo existiu de fato, foi professor de filosofia na UFES e discípulo de Paulo Freire, que amava mais que tudo. Quando tive uma disputa com ele, ele me disse: “termine o curso, vá fazer mestrado, depois doutorado, depois pesquisas e volte a falar comigo”. Como já retratei, a profissão de filósofo menor toda me pareceu uma gratidão epistolar aos sagrados profetas da lógica filosófica e então abandonei o curso.

É como um álbum de figurinhas que os filósofos-professores devem preencher, havendo nele lugares para as “figurinhas difíceis”, as figurinhas carimbadas mais raras que os FP perseguem a todo custo, zombando dos que não as possuem e são considerados inferiores. Lido um livro cola-se uma figurinha, ouvida uma palestra, outra, e assim por diante.

Podemos até pensar que Anton branda suas flâmulas tão raras conseguidas com grandes dificuldades, disputadas a porradas com seus colegas publicadores em revistas especializadas. Lá estão no quarto de adolescente de Anton as flâmulas-revistas raras abertas nas páginas do MISSIVÁRIO (criemos essa palavra, o-que-escreve-missivas ou cartas, espécie de missionário): todo dia Anton baba diante delas e de sua própria grandeza.

Que inutilidade é essa filosofia-propriedade de frases e efeitos intercomunicados! Uns escrevem e comunicam aos outros e o conjunto nunca sai mesmo do lugar, como a tecnociência conseguiu.

Que vacuidade é todo esse orgulho demente!

Vitória, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006.

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