O Álbum de Figurinhas
de Edmardo e as Flâmulas de Anton Antonovich
Não sei se existe algum russo chamado
Anton Antonovich (Anton Filho de Anton), é apenas um nome criado para as
finalidades do artigo.
O Edmardo existiu de fato, foi
professor de filosofia na UFES e discípulo de Paulo Freire, que amava mais que
tudo. Quando tive uma disputa com ele, ele me disse: “termine o curso, vá fazer
mestrado, depois doutorado, depois pesquisas e volte a falar comigo”. Como já
retratei, a profissão de filósofo menor toda me pareceu uma gratidão epistolar
aos sagrados profetas da lógica filosófica e então abandonei o curso.
É como um álbum de figurinhas que os
filósofos-professores devem preencher, havendo nele lugares para as “figurinhas
difíceis”, as figurinhas carimbadas mais raras que os FP perseguem a todo
custo, zombando dos que não as possuem e são considerados inferiores. Lido um
livro cola-se uma figurinha, ouvida uma palestra, outra, e assim por diante.
Podemos até pensar que Anton branda
suas flâmulas tão raras conseguidas com grandes dificuldades, disputadas a
porradas com seus colegas publicadores em revistas especializadas. Lá estão no
quarto de adolescente de Anton as flâmulas-revistas raras abertas nas páginas
do MISSIVÁRIO (criemos essa palavra, o-que-escreve-missivas ou cartas, espécie
de missionário): todo dia Anton baba diante delas e de sua própria grandeza.
Que inutilidade é essa
filosofia-propriedade de frases e efeitos intercomunicados! Uns escrevem e
comunicam aos outros e o conjunto nunca sai mesmo do lugar, como a tecnociência
conseguiu.
Que vacuidade é todo esse orgulho
demente!
Vitória, quinta-feira, 09 de fevereiro
de 2006.
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