A Pobreza da Favela
A favela é pobre de ter. Pobreza, como
já vimos, é absoluta: é não-ter. Todo não-ter é índice de pobreza e de
absoluto. Contudo, a favela é rica de ser, é livre na mesma medida em que não
tem (e está prisioneira do que tem: televisores, geladeiras, telefones e o
resto).
Nos 80 % (médios, pobres ou
médio-baixos, miseráveis) que pouco ou nada têm podemos medir a pobreza das
elites ou da burguesia capitalista e a marca alta da resistência ao futuro que
elas desejam inventar para esses 80 % de brasileiros.
RETRATO
DA INEFICIÊNCIA DA BURGUESIA BRASILEIRA (uma torrente que descerá até um dia invadir os baixios
da burguesia)
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A pobreza de não-ter está na favela,
mas a pobreza de decisões, de decisões erradas, de decisões autocentradas está
fora de lá, nos políticos do Legislativo, nos governantes do Executivo, nos juízes
do Judiciário, nos empresários, nos pesquisadores do Conhecimento (Magia-Arte,
Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e até Matemática).
A favela denuncia que as elites não
souberam arranjar soluções, mantiveram o povo atrelado ao passado, aos
problemas antigos. Assim, o futuro das elites brasileiras é pequeno (20 %: 5 %
de ricos e 15 % de médio-altos). A pobreza das favelas brasileiras é indicação
segura do diminuto futuro das elites brasileiras: de sua baixa aptidão na luta
pela sobrevivência, quer dizer, por futuro.
Vitória, quinta-feira, 02 de março de
2006.

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