sábado, 13 de janeiro de 2018


A Pobreza da Favela

 

A favela é pobre de ter. Pobreza, como já vimos, é absoluta: é não-ter. Todo não-ter é índice de pobreza e de absoluto. Contudo, a favela é rica de ser, é livre na mesma medida em que não tem (e está prisioneira do que tem: televisores, geladeiras, telefones e o resto).

Nos 80 % (médios, pobres ou médio-baixos, miseráveis) que pouco ou nada têm podemos medir a pobreza das elites ou da burguesia capitalista e a marca alta da resistência ao futuro que elas desejam inventar para esses 80 % de brasileiros.

RETRATO DA INEFICIÊNCIA DA BURGUESIA BRASILEIRA (uma torrente que descerá até um dia invadir os baixios da burguesia)


A pobreza de não-ter está na favela, mas a pobreza de decisões, de decisões erradas, de decisões autocentradas está fora de lá, nos políticos do Legislativo, nos governantes do Executivo, nos juízes do Judiciário, nos empresários, nos pesquisadores do Conhecimento (Magia-Arte, Teologia-Religião, Filosofia-Ideologia, Ciência-Técnica e até Matemática).

A favela denuncia que as elites não souberam arranjar soluções, mantiveram o povo atrelado ao passado, aos problemas antigos. Assim, o futuro das elites brasileiras é pequeno (20 %: 5 % de ricos e 15 % de médio-altos). A pobreza das favelas brasileiras é indicação segura do diminuto futuro das elites brasileiras: de sua baixa aptidão na luta pela sobrevivência, quer dizer, por futuro.

Vitória, quinta-feira, 02 de março de 2006.

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