sexta-feira, 2 de setembro de 2016


Reunião da Família Berto


 

O avô Zero Berto faria 80, o filho Um Berto 50, o neto Dois Berto (que alguns chamavam de Disberto para implicar com o personagem ou vice-versa) 20 anos, diferença de 30 entre cada um, coincidência, mas não aniversariavam no mesmo dia, nem no mesmo mês, isso não, que seria abusivo. Dentro de seis meses os três, já estava bom, decidiram comemorar e chamar toda a família Berto.

Boquia Berto vivia admirado com tudo, ah, ah, ah, aquele bocão aberto de idiota, ô raiva, vivia estudando filosofia, quando bebia ficava assim mel-ditativo olhando pro espaço.

 A. Berto era o cagado da sorte, ganhava na loteria a torto e a direito, mas não fazia bilhete de loteria nem pule de bicho com ninguém, o filho de uma égua.

O Li Berto achava-se o rei da cocada preta, vivia proclamando a independência econômica, vá tomar.

O Co Berto e o Desco Berto eram irmãos gêmeos, o que um fazia o outro desfazia, uma chatice, viviam às turras, era de encher a paciência, Deus nos acuda, ninguém aguentava.

O Enco Berto era da polícia, vigiava os outros e usava a Bicoa Berto para entregar a todos, era preciso ficar de olho muito aberto, com as antenas ligadas na presença dos dois, nem tinham vergonha, fazer isso com a família!

O Entrea Berto e o Raboa Berto eram os Bertoiolas, ninguém queria falar com eles, faziam de tudo para “cortar volta”.

A Recéma Berto tinha casado recentemente, enquanto a Semia Berto tinha transado antes de casar. Fronta Berto tinha uma mancha na testa, uns diziam que era AIDS, mas ninguém tinha coragem de perguntar.

Enfim, família é família, ninguém está aí mesmo para criticar pela frente, mas depois o pau ia comer por trás (hi, hi, hi).

Tios, tias, parentes, apareceram todos para beber de graça e comer de graça, sem um presente que fosse, mas vovô Zero Berto desejou uma festança, provavelmente não emplacaria 90, embora o pai tivesse chegado quase a 100, eram outros tempos, sem tanta pressão, nem de longe, não havia chance, mas bem que ele sonhava.

Podendo gastar o dinheiro do pai o filho não se fez de rogado, gastou com força, o neto chamou os amigos, foi um bafafá dos diabos, gente rolando na grama, o vovô Zero não estava nem aí, os outros que iam limpar, ele ria, no final da vida e sem responsabilidades ele só fazia rir.

Serra, terça-feira, 07 de fevereiro de 2012.

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