sexta-feira, 2 de setembro de 2016


Panaceia Universal II


 

- Estive pensando.

- É? É porisso que você está com dor de cabeça?

- Rá, Rá, Rá. É o seguinte: a morte livra a gente de todos os problemas, acho que é porisso que as pessoas dizem “descansou” quando o sujeito morre.

- Só que para “descansar” é preciso estar vivo.

- Me deixe falar, caramba.

- Fala.

- Então, podíamos anunciar a morte como solução geral, panaceia universal. Um produto chamado Morte.

- Essa foi a maior bobagem que você já disse. E olhe que você se supera continuamente.

- Rapaz, você já viu as propagandas que existem por aí? Para as coisas mais cretinas do mundo. Eu nunca tinha lido o Dilbert, mas decidi ler, comprei e achei ótimo. Selecionei umas passagens para você.

PASSAGENS NA ESTAÇÃO DILBERT (Scott Adams)

LIVRO, PÁGINA                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                   
CITAÇÃO
2, 10
“Combina tendências passadas irrelevantes com a ignorância e a cobiça do usuário”.
2, 12
“Aí sou pago, compro algum produto desnecessário e me sinto melhor novamente”.
2, 46
“Isso não passa de uma vigarice, criada para convencer estagiários ingênuos a comprar placas caras e inúteis para pendurar na parede”.
3, 40
“Preciso montar hipóteses irrealistas pra defender um péssimo projeto”.
5, 27
“Portanto, só resta a fraude, que eu gostaria que vocês chamassem de ‘marketing’”.
5, 29
“Utilizo um processo que os experts denominam ‘desonestidade’”.
5, 37
“Sim... Um amontoado de informações inúteis e conclusões sem fundamento”.

- É, olhando por esses prismas, pode dar certo, sim. O que você propõe?

- Primeiro temos de contratar firma de propaganda. Depois um advogado. A seguir, mais adiante, um contador de confiança que separe uma grana para o caso de sermos presos e outra para corromper os políticos e governantes.

- É, você tá se esquecendo do governo.

- Não, ele já tá ocupado com as patifarias dele, não vai prestar atenção na gente. Ademais, podemos dar participação, sem falar em fazer propaganda dos tributos que nem somos nós que pagamos.

- Como iríamos fazer?

- Acho que vender em pílulas, para bula pegamos os efeitos colaterais de qualquer remédio, o povo nem lê. E se ler vai pensar que corre riscos necessários. Certamente vamos frisar que acaba com os problemas das pessoas: “depois de tomar Morte você não verá mais problemas”. Ou “seus problemas findarão”. Ou “você nunca mais irá sentir dores”, nem precisará gastar dinheiro com outros remédios. “Dê adeus a sua sogra”.

- Pô, legal. De passagem vamos resolver o problema da superpopulação planetária, acomodando a gente toda ao nível de pesquisa & desenvolvimento da tecnociência, à frente de ondas da tecnologia.

- Isso! O Clube de Roma vai dar verbas, o Bilderberg, a Trilateral, um monte de gente.

- E os governos, por trás dos panos.

- “Morte, mate todos os seus problemas de uma vez”.

- “Morte, você não terá mais dívidas nem dúvidas”.

- “Ser ou não ser, eis a questão”.

- Vamos conversar com os sócios.

Serra, sábado, 10 de março de 2012.

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