segunda-feira, 26 de setembro de 2016


Negralien

 

Uma nave alienígena enorme chegou às vizinhanças da Terra.

Você sabe, pela presença de nave avaliamos os avanços de uma civilização extraterrestre PORQUE não sabemos chegar nem a Plutão, quanto mais à estrela mais próxima, Próxima de Centauri a “apenas” 4,3 anos-luz. Para chegar lá às velocidades atuais precisaríamos de 100 mil anos; e como manteríamos ambiente biológico-psicológico em equilíbrio por 10 vezes os 10 mil anos (de fato, cerca de 11,5 mil) desde Jericó? Então, uma nave significa necessariamente o ultrapassamento de problemas que não saberemos resolver nem nas décadas seguintes, talvez séculos.

Tem de ser MUITO AVANÇADOS.

A gigantesca nave ficou fora da Terra, o que entrou mesmo foi uma naveta de apenas dois quilômetros de diâmetro. Ela desceu devagarzinho no Deserto do Saara para não perturbar nenhum ser vivente, o que foi extrema consideração.

Espantosamente, desceram somente negros humanóides de evolução convergente na forma, embora internamente fossem diferentes. Negros, negros, retintos, nem mestiços eram, nenhuma palidez, totalmente pretos. Educadíssimos, evoluidíssimos, boníssimos e todo o lado bom do dicionário.

Pura merda! E essa, agora?

Os governos correram a evidenciar os negros da Terra. Os atores negros foram expostos, assim como médicos e cientistas, sem falar nos generais, sendo mais deles promovidos. Procurou-se rapidamente recuperar na memória da espécie tudo o que os negros tinham feito de bom, todos os filmes em que foram projetados, o que não era muito; e os livros com protagonistas negros, que eram menos ainda. Que constrangimento! Tantos séculos de racismo para agora deparar com o fato de que a primeira civilização a vir de estrela ser completa e inquestionavelmente negra, homens, mulheres e crianças.

Rapaz, que embaraço.

E os negros, vendo a nova realidade, jogaram-se para frente, começaram a fazer exigências e a chamar os mestiços de brancos, diminuindo assim as solicitações presumíveis de heranças e favores.

Conversa vai, conversa vem descobriram que eles tinham sido enviados por brancos totalmente brancos, branquelos mesmo, os dirigentes do planeta alien, sendo os negraliens somente a ponta de lança da aproximação para comércio e cultura, por assim dizer marinheiros.

Foi outro susto e tudo que tinha alçado os negros daqui foi retirado enquanto pedestal: os mestiços aproveitaram para se vingar e passaram realmente a se considerar brancos. Vários pogroms foram alegremente preparados, inclusive participando deles os judeus. Por todo o mundo os não-negros procuraram escorraçar os negros, embora não afrontosamente, porque toda nave que se preza tem canhões, não seria de bom-tom embaraçar os negraliens.

Enquanto isso se procurava investigar melhor a sociedade remota dos brancaliens. Com essa investigação veio a compreensão de que por trás dos brancaliens existia um outro grupo em recolhimento, os amaraliens, os amarelos de lá que viviam em meditação e eram o equivalente de padres, um grupo que em silêncio comandava toda a coletividade alien.

Droga, agora foi a vez de bajular os asiáticos.

Não TODOS os asiáticos, pois os hindus não eram amarelos.

Por toda a Terra a gente procurava parentesco com os amarelos. Bruce Lee foi mais celebrado que nunca e planejaram filmar até o Karatê Kid 20.

Mais conversas e finalmente depois de muita indagação ficou definido sem sobra de dúvidas que mais para dentro ainda, orientando os orientadores havia um grupo de vermelhaliens, um grupo pequeno e tão fechado que mesmo lá poucos conheciam.

Aí foi a vez de retocar todos os filmes de faroeste em que os índios eram maltratados...

Serra, quarta-feira, 15 de agosto de 2012.

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