quinta-feira, 1 de setembro de 2016


Das Kapital

 

Esse produto é estrangeiro e ao ser trazido ao Brasil foi “adaptado às condições brasileiras”, quer dizer, de terceiro mundo, de pessoal subnutrido física e mentalmente que aceita qualquer coisa.

Não passou pelo severo controle de qualidade que há no estrangeiro, digamos nos países de primeiro mundo como há na Europa, nos EUA, no Japão e nos outros; é tudo roscofinho por aqui, tudo enjambrado, tudo acomodado com maior ou menor rudeza.

Digamos, em São Paulo onde as pessoas são mais exigentes o produto é melhorzinho, mas em Roraima é bem ruinzinho, porque os daquele estado não fazem todas as exigências e os capetalistas de lá fazem horrores, entregam produtos de terceira ou quarta qualidade pelo dobro ou o triplo do preço, de modo que pode sair por 12 vezes o original de São Paulo, que por sua vez já deixa muito a desejar comparado aos do exterior.

Ao adaptar às condições brasileiras saiu O Capital sem qualquer passado, sem formação demorada do produto, sem cuidados de produção que o original Das Kapital tinha, sem oposição. Saiu assim, abrutalhado, como se tivesse nascido ontem.

Não há crítica na aceitação.

As pessoas aceitam de qualquer modo.

No entanto, até o produto Das Kapital ficar pronto na Europa ele passou por toda a experiência da Antiguidade até 476; depois a da Idade Média de 476 a 1453; a seguir pela da Idade Moderna de 1453 a 1789 e finalmente foi aprimorado na Idade Contemporânea de 1789 a 1991 (vindo depois a Idade pós-contemporânea).

Ora, ao chegar ao Brasil foi aceito como se tivesse ficado pronto em 1789, apenas 200 anos de existente: as travas que impediam o mau funcionamento do produto não foram acionadas por aqui. Nem os cuidados de manuseio e ele foi entregue de qualquer jeito a gente inexperiente, não-tocada pela experiência. O que se poderia esperar?

Foi desastre na certa.

Quando os médios, os pobres e os miseráveis brasileiros compraram o produto aceitaram-no de qualquer forma, do jeito que lhes foi apresentado e não sabendo usá-lo acolheram com ele e sem reação os danos que provoca. Foi o que se viu, vieram com ele as grandes distâncias, as propagandas enganosas, as favelas, os danos ecológicos, o tratamento inadequado, uma quantidade enorme de malefícios de que os produtores originais, aqueles que inventaram Das Kapital se livraram com vacinas apropriadas, por exemplo, as greves, as manifestações, os enfrentamentos.

Os brasileiros são descuidados, aceitam qualquer coisa.

Povo jovem, ainda não pensa com afinco, não repara nos defeitos; quando leem “promoção” não reparam que pode ser objeto defeituoso.

Uma pena.
Serra, domingo, 11 de março de 2012.

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