O Delicioso Sol
Esturricante de Burarama Quando Nós Crianças Estávamos Sendo Desenhadas
Tendo nascido em 1954 e saído de
Cachoeiro de Itapemirim em 1963 com papai, mamãe e irmãos, desde as primeiras
memórias até os nove vivi alguns preciosos anos nas férias de janeiro (três
meses) e de julho (um mês) em Burarama, onde ficava a casa dos meus avós Perim
(ela Grilo) e dos meus avós Gava (ela Costalonga, já falecida). Depois, já de
Linhares voltei algumas vezes.
Era casa grande, de muitos quartos,
num terreno familiar de encosta onde adiante havia uma cachoeira à qual meus
tios tinham dado forma fornecendo cimento. Benevenuto Perim e Estefânia Grilo
Perim tiveram 14 filhos, dos quais vivos existiam 13. Dois ficaram solteiros,
um juntou-se e não teve filhos, as duas mais jovens não eram casadas então oito
tiveram filhos e filhas; quatro moravam em Burarama mesmo, em suas respectivas
casas, tia Antônia mais perto, no alto no morro próximo à casa grande de
madeira. Todos os primos e primas se reuniam na casa de vovô e de vovó para
brincar, era uma algazarra enorme. Na época – como toda criança – não fazíamos
conta de nada, era tudo só felicíssima diversão.
No inverno fazia um frio de 5 a 7º
Celsius, que no Brasil é temperatura muito baixa: levávamos o termômetro para
medir em cima da ponte, onde do riacho subia aquela bruma gelada.
No verão a temperatura ia às alturas,
porque Cachoeiro é região quente; e em Burarama, no meio das montanhas, embora
mais alto em relação ao nível do mar era um calor “de pocar” (de rebentar; a
palavra existe mesmo, vem do tupi: na Rede Cognata seria CALOR DE FOGO), como
dizem os capixabas. Fácil, fácil a temperatura devia bater os 43º C. As
crianças andavam sempre com o mínimo de roupas; os garotos, mais felizes que as
meninas, ficavam sem camisa, só de calção. Fazíamos festa o tempo todo,
gastando e esbanjando energia. Éramos dúzias de primos: os de Cachoeiro, os de
Burarama, os primos Perim dos netos dos irmãos de vovô, os outros parentes,
dúzias e dúzias.
O Sol não era uma maldição, era uma
bênção, pois corríamos a pescar nos córregos ou nadar nas cachoeiras, que eram
várias, porque os parentes todos tinham uma em cada terra e todos tinham uma
convivência que para as crianças parecia maravilhosa e sem conflitos.
Lá estavam nossas almas sendo
desenhadas. Quem teve chance igual ou parecida se lembrará para sempre e é como
se tivéssemos ganhado um prêmio inesquecível, e foi mesmo o melhor dos
presentes, desenhado diretamente por Deus, digamos assim. Aquele foi um quadro
divino: a pele queimando no calor esturricante da tarde e nós pulando com tudo
na piscina cheia, naquela vida das mais ricas, como deveria ser a de toda
criança. Os governempresas deveriam cuidar disso. Quem tem esse tipo de vida
dificilmente se desvia na direção-sentido dos erros. Veja no Google Earth as várias fotos.
Vitória, quinta-feira, 23 de fevereiro
de 2006.
BURARAMA FICA NO MAPA (20º 41’ Sul e
41º 20’ Oeste)
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A MARCA DISTINTIVA DE BURARAMA
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