As Duas Mortes de
Kabir
No livro de Samuel Williard Crompton 100 Líderes Espirituais (que mudaram a
História do Mundo), Rio de Janeiro, Ediouro, 2004 traz nas páginas 103/4 uma
biografia pequena de Kabir (1440 a 1518, número 45 na seqüência) e diz na página
104: “Encontra-se pouco conforto na filosofia de Kabir. Ele descrevia a vida
como um
momento fugaz, que existe entre duas mortes: a que nos envia ao mundo e a que
tira dele”, negrito e itálico meus.
Morte não é um evento que dura, como
estar chovendo, é só a denotação de fim. Não querendo usar palavra que indicasse
o término mesmo da vida encontraram uma outra. Não pode haver duas terminações
para uma linha: uma delas deve ser o começo. Se entrar na vida é o começo o fim
desta é o término, a morte: ou é a morte de lá ou a morte daqui, mas só há uma,
uma sendo chamada VIDA e outra sendo denominada MORTE. No máximo a vida daqui
seria morte de lá e a morte de lá vida daqui, pois são momentos da mesma linha.
Então, ninguém tem duas mortes, a
menos que tenha duas vidas, como dizem os encarnacionistas.
Agora, não é um “momento fugaz”, a
menos que você comprima as coisas; mas aí a duração do Sol, de cinco bilhões de
anos, também poderia ser comparada a um lampejo, o que só vale em ficção. A
duração da vida humana pode ser, digamos, de 70 anos x 365,25 dias/ano x 86.400
segundos/dia igual aproximadamente a 2,21 bilhões de segundos. Isso não é um
“momento fugaz”, são 2,21 bilhões de segundos. Depende de como você vê, pois um
segundo também contém um bilhão de nano-segundos e computadores operam nesse
patamar.
Acho que foi castigo Kabir morrer duas
vezes.
Vitória, quarta-feira, 08 de março de
2006.
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