segunda-feira, 8 de janeiro de 2018


A Imensa Lista de Súbitos Amigos do Cara Dourado

 

Imagine que exista mesmo isso do Cara Dourado = EL DORADO = CIDADE OCULTA e tudo que imaginei. E que haja um sujeito hoje vivo capaz de obter a chave ou palavra ou selo para entrar de posse ou ter acesso a uso da Árvore da Vida (= CURA DE TUDO) e da Árvore do Bem e do Mal (= CURA DE DOENÇAS E DA MORTE): subitamente milhões se tornariam seus amigos, esperando usufruir das benesses. Poderia ser o cara mais feio, mais esquisito, mais sem jeito com as mulheres, mais pobre, menos nobre do mundo inteiro e de repente milhões e mesmo bilhões estariam na lista dos maiores camaradas. Ele ganharia tremendos presentes de todos que pensassem poder assim impressionar. E os que fossem excluídos ficariam furiosos.

Imagine ainda que fossem mesmo 144 mil aqueles que poderiam receber passe (presumivelmente só seriam curados de doenças e da morte e de tudo mesmo os que fossem embarcar para Paraíso: uma espécie de vigilância e de vacinas de aeroporto, de modo a não contaminar os civilizados de lá) ou passagem (só de ida) até o lugar-Paraíso, onde quer que se situe, a exclusão de bilhões provocando um frenesi insuportável, uma confusão indescritível. Talvez seja porisso mesmo que em nossa imaginação através da Rede Cognata apareceram os bilhões de projéteis-soldados, os 500 milhões de aviões-querubins e as quatro bombas-arcanjos: para proteger os que vão embarcar da audácia dos que vão ficar, inclusive os governantes poderosos na Terra (incompreensivelmente para eles indo os simples).

Não é interessante imaginar isso como um problema prático & teórico de psicologia? Como se comportaria a Curva do Sino dos seres humanos (até quão alto e quão baixo iriam as pessoas?) diante da possibilidade de: a) curar todas as doenças? b) curar a morte?; c) curar tudo mesmo? d) ir a Paraíso? Como as pessoas justificariam não gostarem antes do ou terem maltratado o sujeito? Como explicariam terem-no repudiado? Onde descobririam rasos e profundos motivos para serem agora devotados amigos do Novo Rico? Como justificar o envio de presentes os mais fantásticos para alguém até então insignificante? Ah, se você não sente interesse em investigar essa ficção eu sinto! Evidentemente pessoas muito dignas se manteriam impassíveis diante das doenças, da morte e de não receber chamado para ir visitar Paraíso. Essas seriam as melhores. Alguns até fingiriam dignidade no sentido da possibilidade de atraírem atenção. Todo tipo de personalidade se mostraria. Se El Dorado não existir seria preciso que existisse só para proporcionar essa experiência de prazer indizível.

Vitória, sábado, 11 de fevereiro de 2006.

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