A Imensa Lista de
Súbitos Amigos do Cara Dourado
Imagine que exista mesmo isso do Cara
Dourado = EL DORADO = CIDADE OCULTA e tudo que imaginei. E que haja um sujeito
hoje vivo capaz de obter a chave ou palavra ou selo para entrar de posse ou ter
acesso a uso da Árvore da Vida (= CURA DE TUDO) e da Árvore do Bem e do Mal (=
CURA DE DOENÇAS E DA MORTE): subitamente milhões se tornariam seus amigos,
esperando usufruir das benesses. Poderia ser o cara mais feio, mais esquisito,
mais sem jeito com as mulheres, mais pobre, menos nobre do mundo inteiro e de
repente milhões e mesmo bilhões estariam na lista dos maiores camaradas. Ele
ganharia tremendos presentes de todos que pensassem poder assim impressionar. E
os que fossem excluídos ficariam furiosos.
Imagine ainda que fossem mesmo 144 mil
aqueles que poderiam receber passe (presumivelmente só seriam curados de
doenças e da morte e de tudo mesmo os que fossem embarcar para Paraíso: uma
espécie de vigilância e de vacinas de aeroporto, de modo a não contaminar os civilizados
de lá) ou passagem (só de ida) até o lugar-Paraíso, onde quer que se situe, a
exclusão de bilhões provocando um frenesi insuportável, uma confusão
indescritível. Talvez seja porisso mesmo que em nossa imaginação através da
Rede Cognata apareceram os bilhões de projéteis-soldados, os 500 milhões de
aviões-querubins e as quatro bombas-arcanjos: para proteger os que vão embarcar
da audácia dos que vão ficar, inclusive os governantes poderosos na Terra
(incompreensivelmente para eles indo os simples).
Não é interessante imaginar isso como
um problema prático & teórico de psicologia? Como se comportaria a Curva do
Sino dos seres humanos (até quão alto e quão baixo iriam as pessoas?) diante da
possibilidade de: a) curar todas as doenças? b) curar a morte?; c) curar tudo
mesmo? d) ir a Paraíso? Como as pessoas justificariam não gostarem antes do ou
terem maltratado o sujeito? Como explicariam terem-no repudiado? Onde
descobririam rasos e profundos motivos para serem agora devotados amigos do
Novo Rico? Como justificar o envio de presentes os mais fantásticos para alguém
até então insignificante? Ah, se você não sente interesse em investigar essa
ficção eu sinto! Evidentemente pessoas muito dignas se manteriam impassíveis
diante das doenças, da morte e de não receber chamado para ir visitar Paraíso.
Essas seriam as melhores. Alguns até fingiriam dignidade no sentido da
possibilidade de atraírem atenção. Todo tipo de personalidade se mostraria. Se El
Dorado não existir seria preciso que existisse só para proporcionar essa
experiência de prazer indizível.
Vitória, sábado, 11 de fevereiro de
2006.
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