A Angústia dos
Envolvidos com El Dorado
Num primeiro momento da existência de
El Dorado (acaso se prove real) as filas de candidatos querendo ir lá dariam
várias vezes a volta na Terra, pois seria algo diretamente de Deus e não de
alienígenas como em AQL Atlântida Queda
e Levantamento e nem do filho de Deus Adão como em ASC Adão Sai de Casa. Aqui, não. Aqui é diretamente Deus, Deus mesmo,
se é que está lá El Dorado e se é que Deus existe: pelo menos seria um avatar
dele, um corpo projetado na sombra do visível.
Então, fosse porque crêem aqueles que
crêem, por pura adoração, seja porque estão sendo vigiados por pelo menos cinco
bilhões todos e qualquer um que se envolva com El Dorado terá quarenta dedos,
porque todo cuidado é pouco, pois todo deslize poderia ser pensado como profanação
por uns e por outros. Não seria como descobrir artefatos humanos de um passado
“distante”, dois, três, quatro mil anos – são as origens da Criação humana, a
interferência de Deus nos planos da Natureza terrestre. Em tese o Dedo de Deus
veio à Terra e boliu, mexeu com a evolução local, manipulando-a para seus
propósitos, intervindo diretamente nas construções. Porisso as pessoas ficariam
verdadeiramente alucinadas. Não seria aquela coisa branda xiita, não senhor,
seria algo de verdadeiramente pesado, ditatorial. Se um artefato ameaçasse
quebrar haveria uma grita geral atravessando o planeta.
Tanto os crentes quanto os não-crentes
ficariam alucinados. As pessoas se oferecendo para trabalhar lá seriam centenas
de milhões das mais estranhas profissões e com as mais fantásticas motivações.
Até a grama e a lama, as árvores e a água que ocultaram El Dorado (uma das
traduções é Cidade Oculta, lembre-se) seriam veneradas, por terem estado onde o
avatar dormiu por esses milhares de anos.
Como efeito colateral os satanistas
começariam a ser perseguidos em todo o mundo, hostilizados e até mortos. Talvez
a democracia recuasse e o planeta entrasse em estado de sítio, correndo os
governos nacionais a constituir um governo mundial provisório, que, todos
pensariam, deveria ser entregue a Deus.
Em resumo, a angústia seria tremenda,
a par de uma alegria indizível e inexcedível. Verdadeira demência histérica de
alguns. As igrejas rezariam dia e noite, sem parar, por anos a fio. Os ateus
seriam perseguidos em sua autonomia e suas vidas correriam perigo. Os efeitos
são imprevisíveis, mas o paroxismo sempre está presente, ainda mais num caso
desses, em que as pessoas estão anelando pela presença de Deus há milhares de
anos. Lembre-se que o último – fora Jesus – que o viu, mesmo assim como
projeção na Sarça Ardente, foi Moisés há 3,3 mil anos.
Vitória, domingo, 29 de janeiro de
2006.
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