segunda-feira, 26 de setembro de 2016


O Que Ficou de Nós

 

O QUE FICOU DE NÓS DOIS: ÁL-BUUM DA FAMÍLIA

Nova Manhã
 
Para melhor a gente compreender
O que feriu sem parar e te levou
Nenhum lugar e nada para falar
O que ficou de nós dois
Não faz sentido
Procurei
Não pensar
Me tranquei, sem querer
Num lugar que nem sei
Solidão
É distante demais
Uma nova manhã
E nem sei
Quando virá
Mas virá
Era melhor a gente não conhecer
O que passou a chamar felicidade
Nenhum lugar e nada para falar
Do que ficou de nós dois
Pela cidade
Procurei
Não pensar
Me tranquei, sem querer
Num lugar que nem sei
Solidão
É distante demais
Uma nova manhã
E nem sei
Quando virá
Mas virá
Já não tem mais jeito
Perdi a razão
Tudo novo corpo livre e sem sono
É como o silêncio
Que veio morar
Nesse quarto
Corpo livre e sem sono
 
Composição: Flávio Venturini, Vermelho e Tavinho Moura

E-mail: Caro senhor retratista, gostaria que o álbum de família tivesse as seguintes características (as fotos entregues já contêm as indicações):

1.       Origem remota: avôs e avós;

2.       Origem próxima: pai e mãe;

3.      Infância (até sete anos);

4.      Juventude (07 a 23);

5.      Formatura (book);

6.      Buscando ocupação no mercado de trabalho (23 a 25);

7.      Casamento (30);

8.      Vida feliz (até 35);

9.      Divórcio (42);

10.   Disputa dos filhos (43);

11.     Visitação no tempinho de nada que aquela ordinária me destinou;

12.    Filho e filhas se formam;

13.    Casamento dele e delas;

14.   Namorado da ex (aquela idiota me forçou a colocar, diz que é bom para as crianças);

15.   Minhas namoradas;

16.   Netos e netas (que gracinhas, puxaram a mim);

17.    5.0 e 6.0 (pôrra, quem é esse velho? Reparei que as pessoas de mesma idade que eu, ficaram velhas pra caramba!);

18.   6.5 (nem acredito; a única satisfação é que a velha ex está caindo aos pedaços – meu Deus, se eu tivesse ficado com ela...);

19.   Netos e netas se formam;

20.  7.0 (ui, essas dores tão me matando, juro que nunca mais nasço de novo).

Acho que de “nós”, mesmo, foi pouco que sobrou, parece mais encontro casual, como diz o povo, foi mais “topar”, esse “ficar” jovem um pouco mais dilatado. Papai e mamãe não passaram por isso, no máximo e no final ele e ela ficavam grunhindo um para o outro, fora aquela vez que ela acidentalmente escapou de cravar a faca na mão dele, tirou sangue quase nenhum, e aquela outra em que ela tropeçou na casca de banana no chão molhado, coisa pouca. Agora estou lembrando a vez que o lado dele na cama começou a queimar com a vela caída e da outra em que ele bateu com o carro do lado dela, felizmente ninguém se feriu. Há, lembrei também da vez que ela trocou o açúcar pelo sal quando ele foi tomar café; por puro azar dias depois ela teve um piriri que durou três semanas, acho que comeu algo estragado.

Felicidade era aquilo.

Ai, ai. Que saudades...

Serra, quarta-feira, 15 de agosto de 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário