O Cíclotron do Piauí
Os seis físicos do
Piauí decidiram construir um cíclotron, que custa até muitos bilhões de
dólares.
CICLO-TRON DO PIAUÍ (Piotron)
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A questão é que o
governo do Piauí não dava dinheiro para a ciência, assim como o governo
brasileiro também não, nem o governo do ES, chamam de “dinheiro carimbado” (eu
sei, já tentei). Para se ter ideia, o Congresso americano não deu dinheiro para
o Supercolidente de Supercondutividade e com isso a Europa está passando à
frente nessa área com o acelerador do CERN.
Os físicos do Piauí
não queriam ficar para trás, isso não, o Piauí tem de se projetar, com governo
ou sem governo vamos fazer. Pra que precisamos de governo?
Bem, como um
ciclotron pode custar de milhões a bilhões de dólares e eles nunca teriam esse
dinheiro, nem o menorzinho, o jeito foi se arranjar com o material disponível,
neste caso bambu. A questão toda era entortar o bambu para o ciclo-tron, fazer
o círculo, pois era ciclotron e não retatron. Se fosse reta-tron seria fácil,
daí a dificuldade imensa. No Sudeste tudo era mais simples, tudo direto e reto,
São Paulo, 33 % da renda nacional, 1/3, aquilo que era estado, Sul Maravilha, a
rótula (SP, RJ, MG, ES de lambuja) quase 60 %, o Piauí ficava com um tiquinho.
Vai de bambu mesmo.
Era fininho, não era
um bambuzão, não era um ciclotronzão, era um ciclotronzinho, não dava nem um
palmo de largura, era meio palmo, se muito, assim é difícil fazer física,
gente.
Na falta de tu vai tu
mesmo.
Foi bambu.
Tanto fizeram que
entortaram o bambu.
Não ficou grande,
quatro metros de diâmetro, mas tá bom assim mesmo, na próxima vez em vez de
nascer no Brasil vou nascer no Paraguai pra ver se melhoro de vida. O problema
é que nascer no Brasil economiza umas três encarnações noutros lugares. Se for
na Noruega mais de dez. A gente não resiste, depois fica chorando.
A questão toda é que
as partículas pouquinho energéticas (não eram muito energéticas porque não deu para
conseguir um acelerador potente, foi mais um tubo de TV) estavam saindo do
tubambu, as cachorras, porque os ímãs que eles conseguiram também não ajudavam.
Como nós vamos ganhar o Nobel assim, gente? De novo teve de ser ímã de TV, eles
compraram uns televisores de tubo, de cinescópio, os físicos mais jovens nem
tinham ouvido falar disso. Foram no ferro velho e arremataram.
Bom, sabe aquelas
partículas fugitivas que teimavam em caminhar reto e passar pelo tubo de bambu?
Bem, elas andaram contaminando o povo das redondezas de Teresina, por exemplo,
Campo Maior, São Miguel do Tapuio e até o pessoal de São Raimundo Nonato andou
reclamando. Eles ficaram bem caladinhos. Acho até que foi porisso que o
Maranhão endoidou e produziu tanto Sarninha.
Alguém falou de
colocar artigo no Scientific American ou no Nature Physics ou Physics
Today, mas a maior parte do grupo preferiu não fazer isso. Tanto faz
quanto tanto fez, no Brasil ninguém liga mesmo para a Ciência, porque iria
ligar pra ciência no Piauí?
Serra,
domingo, 12 de fevereiro de 2012.
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