sexta-feira, 2 de setembro de 2016


O Cíclotron do Piauí

 

Os seis físicos do Piauí decidiram construir um cíclotron, que custa até muitos bilhões de dólares.

CICLO-TRON DO PIAUÍ (Piotron)

Descrição: http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/LinkAula/My-Files/images/ciclotr.jpg
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Descrição: http://almaeespirito.zip.net/images/ciclotron.JPG
Descrição: http://scienzapertutti.lnf.infn.it/P6_porto/cernview.gif 

A questão é que o governo do Piauí não dava dinheiro para a ciência, assim como o governo brasileiro também não, nem o governo do ES, chamam de “dinheiro carimbado” (eu sei, já tentei). Para se ter ideia, o Congresso americano não deu dinheiro para o Supercolidente de Supercondutividade e com isso a Europa está passando à frente nessa área com o acelerador do CERN.

Os físicos do Piauí não queriam ficar para trás, isso não, o Piauí tem de se projetar, com governo ou sem governo vamos fazer. Pra que precisamos de governo?

Bem, como um ciclotron pode custar de milhões a bilhões de dólares e eles nunca teriam esse dinheiro, nem o menorzinho, o jeito foi se arranjar com o material disponível, neste caso bambu. A questão toda era entortar o bambu para o ciclo-tron, fazer o círculo, pois era ciclotron e não retatron. Se fosse reta-tron seria fácil, daí a dificuldade imensa. No Sudeste tudo era mais simples, tudo direto e reto, São Paulo, 33 % da renda nacional, 1/3, aquilo que era estado, Sul Maravilha, a rótula (SP, RJ, MG, ES de lambuja) quase 60 %, o Piauí ficava com um tiquinho.

Vai de bambu mesmo.

Era fininho, não era um bambuzão, não era um ciclotronzão, era um ciclotronzinho, não dava nem um palmo de largura, era meio palmo, se muito, assim é difícil fazer física, gente.

Na falta de tu vai tu mesmo.

Foi bambu.

Tanto fizeram que entortaram o bambu.

Não ficou grande, quatro metros de diâmetro, mas tá bom assim mesmo, na próxima vez em vez de nascer no Brasil vou nascer no Paraguai pra ver se melhoro de vida. O problema é que nascer no Brasil economiza umas três encarnações noutros lugares. Se for na Noruega mais de dez. A gente não resiste, depois fica chorando.

A questão toda é que as partículas pouquinho energéticas (não eram muito energéticas porque não deu para conseguir um acelerador potente, foi mais um tubo de TV) estavam saindo do tubambu, as cachorras, porque os ímãs que eles conseguiram também não ajudavam. Como nós vamos ganhar o Nobel assim, gente? De novo teve de ser ímã de TV, eles compraram uns televisores de tubo, de cinescópio, os físicos mais jovens nem tinham ouvido falar disso. Foram no ferro velho e arremataram.

Bom, sabe aquelas partículas fugitivas que teimavam em caminhar reto e passar pelo tubo de bambu? Bem, elas andaram contaminando o povo das redondezas de Teresina, por exemplo, Campo Maior, São Miguel do Tapuio e até o pessoal de São Raimundo Nonato andou reclamando. Eles ficaram bem caladinhos. Acho até que foi porisso que o Maranhão endoidou e produziu tanto Sarninha.

Alguém falou de colocar artigo no Scientific American ou no Nature Physics ou Physics Today, mas a maior parte do grupo preferiu não fazer isso. Tanto faz quanto tanto fez, no Brasil ninguém liga mesmo para a Ciência, porque iria ligar pra ciência no Piauí?
Serra, domingo, 12 de fevereiro de 2012.

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