No
Vigor da Juventude
Era um bar com esse
nome, Vigor da Juventude.
Quem freqüentava era
a juventude.
Viviam rindo, porque
imaginavam que importavam ao mundo. É como quando das fotos do Diário Oficial
60 % são do governador, parece que ele está abafando, mas se você evitar ler o
DO verá que ninguém fala dele. Como os grupinhos, quando se fecham, parecem ter
enorme significado e ninguém fora dali dá a mínima bola.
O mundo é grande.
Se você fizer o
exercício de se colocar além de si, na coletividade e com isenção olhar para o
que você é, verá que seu significado é infinitesimal, tal como é mesmo quando
não está se exaltando.
Eram bem-humorados.
Os drinques eram
Haverei de Vencer, Só Dá a Gente, Milionário e José Rico (com foto da dupla no
copo), Perua Destemida, Foco da Atenção Global (esse custava mais caro), AD15
(Andy Warhol dos 15 minutos de fama), Mamãe Tô Aqui (que por ser apelo antigo e
ultrapassado custava uma ninharia).
Que era engraçado lá
isso era.
Havia muitos mais.
No Vigor da Juventude
quase tudo era possível, exceto as coisas mais escabrosas, porque o dono
chamava atenção. E que arruaça fazíamos naquela época. Olhando agora nosso
recolhimento saudade não dá porque estamos em outra, mas podemos ver que a
alegria substituía o discernimento. Não tinha de ser assim mesmo? Quando força,
movimento, quando calma, pensamento, é a distinção entre juventude e
decrepitude, ou a caminho de.
Seria o caso de no
Vigor da Juventude nós nos martirizarmos no auge da festa? Como enfrentar o
amargor e as dores de depois? Seria absurdo as alegrias vitais serem vendidas
nas Lojas da Dor, porque poderia acontecer de não haver comprador. O certo
mesmo foi oferecerem no Vigor da Juventude.
SEM DATA.
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