quarta-feira, 7 de setembro de 2016


No Vigor da Juventude

 

Era um bar com esse nome, Vigor da Juventude.

Quem freqüentava era a juventude.

Viviam rindo, porque imaginavam que importavam ao mundo. É como quando das fotos do Diário Oficial 60 % são do governador, parece que ele está abafando, mas se você evitar ler o DO verá que ninguém fala dele. Como os grupinhos, quando se fecham, parecem ter enorme significado e ninguém fora dali dá a mínima bola.

O mundo é grande.

Se você fizer o exercício de se colocar além de si, na coletividade e com isenção olhar para o que você é, verá que seu significado é infinitesimal, tal como é mesmo quando não está se exaltando.

Eram bem-humorados.

Os drinques eram Haverei de Vencer, Só Dá a Gente, Milionário e José Rico (com foto da dupla no copo), Perua Destemida, Foco da Atenção Global (esse custava mais caro), AD15 (Andy Warhol dos 15 minutos de fama), Mamãe Tô Aqui (que por ser apelo antigo e ultrapassado custava uma ninharia).

Que era engraçado lá isso era.

Havia muitos mais.

No Vigor da Juventude quase tudo era possível, exceto as coisas mais escabrosas, porque o dono chamava atenção. E que arruaça fazíamos naquela época. Olhando agora nosso recolhimento saudade não dá porque estamos em outra, mas podemos ver que a alegria substituía o discernimento. Não tinha de ser assim mesmo? Quando força, movimento, quando calma, pensamento, é a distinção entre juventude e decrepitude, ou a caminho de.

Seria o caso de no Vigor da Juventude nós nos martirizarmos no auge da festa? Como enfrentar o amargor e as dores de depois? Seria absurdo as alegrias vitais serem vendidas nas Lojas da Dor, porque poderia acontecer de não haver comprador. O certo mesmo foi oferecerem no Vigor da Juventude.

SEM DATA.

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