Anti-Quadro
Comecei a pensar em porque aceitar o quadro da
pintura delimitado por moldura. De fato, o mundo não é enquadrado como numa
janela. Três décadas passadas, no começo dos 1980, conversei com certa moça
sobre pintar os muros, o que era proposta mais ampla do que o acontecido. As
pinturas murais deveriam equivaler a movimento social, inclusive com a
participação dos governos, envolvendo pontos de ônibus, universidades e muros,
como se a cidade fosse coisa alegre, casa nossa em que vivêssemos. Na sequência
pensei em baixos e altos relevos, estátuas postas nas praças imitando nossos
atos de vida, toda a grandeza de vida, toda nossa pequenez também.
Não foi adiante desse jeito.
De fato, degenerou em grafites tenebrosos.
Então comecei a ver isso.
A VIDA NÃO É EN-QUADRADO (A VIDA NÃO É “TRÊS-POR-QUADRO”)
|
|
|
|
A vida não é só estática, não é só parada, não é só
chata: ela é 3D, é tridimensional, é quadridimensional 4D com o tempo. Ela se
espalha, ela transborda, ela se esparrama, ela vai além.
VIDA, MINHA VIDA,
OLHE O QUE QUE EU FIZ (VIDA FAZER, TUDO PULSAR)
|
|
|
|
Então, por quê não deixá-la trans-bordar, sair das
bordas, sair das margens, ir além das molduras e das contenções, nas paredes
ultrapassando as mo-duras?
Como dizem, falar é fácil, fazer é que são
elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário