O
Dia Perfeito e as Criaturas Horríveis
Recentemente caminhava pelo calçadão da praia
de Jacaraípe, balneário da Serra, ES, quando veio esse sentimento de
“perfeição”.
Dentro das regrinhas dialógicas do modelo não
podemos “atingir a perfeição” porque ela é só de i-Deus. Em i-Natureza há ao
acaso da criação mutações, caminhos errados, degenerações, ferrugens, caos,
desalinhamentos. Não sendo aos vivos possíveis atingir a perfeição,
não-finitamente fora de alcance, podemos falar de “sentimento de perfeição”, quanto
sentimos que as coisas todas poderiam, quiçá, está perfeitamente alinhadas.
Sentimos o bafejo, o sopro, o aroma da
perfeição como se ela estivesse a um passo de ser tocada: se dermos tal passo
não tocaremos a perfeição, mas é como se ela “estivesse ali”, ao alcance da mão
com dedos esticados. É sentimento, não é razão, se pedirem para explicarmos,
não conseguiremos.
Não saberia dizer se alguém investigou
quantos, em projeção, teriam percentualmente tido pelo menos um dia desses. Por
sorte tive vários. Nesse dia em particular foi assim, pois gosto de praia (o
lugar é sujo e o povo é em grande parte selvagem, mas o ar é límpido em razão
das gotículas do ar marinho; é iodado; há muitos pássaros em virtude da
proximidade das florestas; é fértil, tem borboletas) e do cheiro que vem das
algas secas porventura expostas. O mar havia recuado, as algas que grudam nas
pedras tinham estado expostas ao sol, o ar rescendia, fui andando e respirando.
Do outro lado do sentimento e perfeição estavam
as criaturas horríveis. Porém, quem são as pessoas apavorantes? O modelo diz
que só (1/40)5 ou 70 pessoas em 7,0 bilhões são definitivamente
péssimas. Todas as demais tem, em alguma medida, algo de bom, que podem, elas
também, ter seus “dias perfeitos” que não são verdadeiramente perfeitos.
Tais sentimentos de identidade com o divino,
embora mera aproximação, fazem com que eu me torne complacente, benigno,
benévolo com os erros alheios (que na volta são os meus). Então, acredito que
valeria a pena construir uma arena para as pessoas partilharem seus “dias
perfeitos” com os demais, lembrando-nos todos de desculpar as falhas alheias.
Serra, sexta-feira, 03 de setembro de 2015.
GAVA.
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