quarta-feira, 16 de novembro de 2016


O Dia Perfeito e as Criaturas Horríveis

 

Recentemente caminhava pelo calçadão da praia de Jacaraípe, balneário da Serra, ES, quando veio esse sentimento de “perfeição”.

Dentro das regrinhas dialógicas do modelo não podemos “atingir a perfeição” porque ela é só de i-Deus. Em i-Natureza há ao acaso da criação mutações, caminhos errados, degenerações, ferrugens, caos, desalinhamentos. Não sendo aos vivos possíveis atingir a perfeição, não-finitamente fora de alcance, podemos falar de “sentimento de perfeição”, quanto sentimos que as coisas todas poderiam, quiçá, está perfeitamente alinhadas.

Sentimos o bafejo, o sopro, o aroma da perfeição como se ela estivesse a um passo de ser tocada: se dermos tal passo não tocaremos a perfeição, mas é como se ela “estivesse ali”, ao alcance da mão com dedos esticados. É sentimento, não é razão, se pedirem para explicarmos, não conseguiremos.

Não saberia dizer se alguém investigou quantos, em projeção, teriam percentualmente tido pelo menos um dia desses. Por sorte tive vários. Nesse dia em particular foi assim, pois gosto de praia (o lugar é sujo e o povo é em grande parte selvagem, mas o ar é límpido em razão das gotículas do ar marinho; é iodado; há muitos pássaros em virtude da proximidade das florestas; é fértil, tem borboletas) e do cheiro que vem das algas secas porventura expostas. O mar havia recuado, as algas que grudam nas pedras tinham estado expostas ao sol, o ar rescendia, fui andando e respirando.

Do outro lado do sentimento e perfeição estavam as criaturas horríveis. Porém, quem são as pessoas apavorantes? O modelo diz que só (1/40)5 ou 70 pessoas em 7,0 bilhões são definitivamente péssimas. Todas as demais tem, em alguma medida, algo de bom, que podem, elas também, ter seus “dias perfeitos” que não são verdadeiramente perfeitos.

Tais sentimentos de identidade com o divino, embora mera aproximação, fazem com que eu me torne complacente, benigno, benévolo com os erros alheios (que na volta são os meus). Então, acredito que valeria a pena construir uma arena para as pessoas partilharem seus “dias perfeitos” com os demais, lembrando-nos todos de desculpar as falhas alheias.

Serra, sexta-feira, 03 de setembro de 2015.

GAVA.

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