quarta-feira, 30 de novembro de 2016


A Balança de Flávio

 

No livro de Denilson Monteiro, A Bossa do Lobo Ronaldo Bôscoli, São Paulo, Leya, 2011, o autor fala algumas vezes de Flávio Cavalcanti, que ataquei num dos textos (não o colocado abaixo), onde contei do programa desagradável onde ele quebrava escandalosamente discos dos cantores e músicos associados, de todos de que não gostava – provavelmente a maioria devia ser mesmo deplorável, mas isso não se faz, não se deve magoar propositalmente qualquer criatura.

Só que tem o outro lado.

FC E O PROGRAMA DELE

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Flávio Cavalcanti
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Flávio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti (Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 1923São Paulo, 26 de maio de 1986) foi um jornalista, apresentador de rádio e televisão e compositor brasileiro. Trabalhou no Banco do Brasil aos 22 anos, e no mesmo tempo como repórter do jornal carioca A Manhã.[1]
Flávio esteve nos Estados Unidos e entrevistou o presidente Kennedy, na Casa Branca. Entrou para a televisão e tinha estilo tão marcante que registrou época, pois entre outras coisas criou o primeiro júri da televisão brasileira. Chiquinho Scarpa, Jorge Kajuru e Conrado (marido da ex-paquita Andréia Sorvetão) já foram jurados dele. Começou também a compor e influenciou muito nas tendências musicais. Artistas, que se tornaram consagrados, começaram com Flávio Cavalcanti.
Na década de 70, todos os domingos, às 20:00, uma voz em off anunciava: "Entra no ar via Embratel para todo o Brasil, pela Rede Tupi de Televisão o programa Flávio Cavalcanti". A chamada marcava o início de um dos programas mais polêmicos da televisão brasileira e líder de audiência, comandado pelo jornalista e apresentador. Foi o primeiro programa a ser exibido para todo país, utilizando o canal da Embratel.

Há pessoas que fazem tudo mais certinho e não ajudam na hora de necessidade, nem vamos dizer aos amigos, que isso é um prazer, mas aos estranhos.

Eis a passagem do livro, página 364:

“Mais uma vez, Flávio Cavalcanti apareceu e, como fizera com Leila Diniz, o colocou para trabalhar em seu programa. E Miele e Bôscoli o chamaram para uma temporada no Pujol. Eram poucos os amigos que lhe restavam [a Simonal, depois das denúncias de deduragem aos militares. O artista andou por anos a fio com o certificado de não ter dedurado ninguém, pode ter sido maldade dos jornalistas].

Então, veja, quem o socorreu no momento de necessidade?

Não os falsos amigos, só os verdadeiros e o Flávio Cavalcanti.

Eis a diferença.

Embora mantenha as críticas que lhe fiz, creio que a balança dele lhe é favorável, porque o amor às mulheres e filhos e a amizade aos amigos é o definidor de fundo, o mais importante e significativo na nossa pesagem.

Vitória, quarta-feira, 30 de novembro de 2016.

GAVA.

 

ANEXO

Institucionalmente Desplugado
 
                            Na década dos 1960 no programa Flávio Cavalcanti na antiga TV Tupi ele apresentava a então novidade dos programáquinas tocadores de música como potencial perigo, dizendo que ou não iria “colar”, não iria funcionar, desapareceria, ou se o fizesse deixaria muitos músicos desempregados. Como vimos, não desapareceram, aprimoraram-se cada vez mais; os músicos não perderam seus empregos, ao contrário, muitos mais foram criados e hoje os músicos não podem viver sem tais instrumentos. De fato, tornaram-se tão presentes, onipresentes mesmo, que criaram o novo verbo des-plugar, tirar do plugue, do soquete de energia o fio que fornece potência a tais aparelhos. Seria oposição ao novo verbo PLUGAR, colocar no plugue, fornecer força. Diz-se desplugado também quem não segue o veio principal, a média, a moda, o comum, o trivial; aquele que está fora da corrente. Tão plugados ficaram quase todos que para valorizar os violões que não têm fiação falam de VIOLÕES ACÚSTICOS, que dependem somente da acústica natural para funcionar, ainda trabalham com ressonância própria.
                            O fato foi que despluguei, saí do plugue universal que conduz a quase todos. Como sempre a soma zero 50/50 diz que foi bom e foi ruim. Bom porque pude investigar uma quantidade de coisas que não teria sequer notado caso estivesse preso à responsabilidade de respostas institucionais de programas e paradigmas, a métricas socioeconômicas. Pude seguir meus instintos e investigar tudo que achasse remotamente interessante. Não recusei quase nada. Por outro lado, a falta de apoio institucional evitou que houvesse propulsão, elevação das minhas investigações, o que acontece com tantos artigos sem qualquer interesse prático ou teórico apenas porque são desta ou daquela universidade ou instituto e a fama própria dela ou dele eleva todo e qualquer um a patamares artificiais de fama. Exposição natural até de idiotas. E, não estando colado a elas, procuraram me derrubar o tempo todo, evitando que as coisas chegassem a amplo conhecimento público. Bom e ruim ao mesmo tempo, soma zero.
                            Em todo caso, o que há de bom de estar institucionalmente desplugado é isto: posso investigar TODO e qualquer assunto sem o mínimo remorso de estar seguindo algo institucionalmente duvidoso, mesmo se não recebo aplausos automáticos que a claquete de média aciona. Isso é uma dádiva impagável, de satisfação associada de certo modo incurável.
                            Vitória, domingo, 14 de março de 2004.

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