Silas Dá Seus
Pulinhos
Quando Gabriel acorda de manhã, Silas,
o cachorro labrador dele fica muito excitado e dá pulinhos nas patas traseiras,
abana muito o rabo, se contorce todo, pula nele. Há grande identificação entre
eles, talvez da impressão proposta por Konrad Lorenz, pois o cão foi pego com
um mês de idade, fazendo hoje (26.11.2006) 11 meses. A alegria do animal é
imensa.
Tenho raciocinado sobre ambos, Silas e
a gatinha persa Yuki de Clara, minha filha. Como vem mostrando o Modelo da
Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) os cenários e as figuras antigas que
vão aparecendo são muito diferentes do que é mostrado pelos tecnocientistas: de
modo algum antes de Jericó há 11 mil anos e das cidades em geral os homens
tratavam as mulheres sem deferência, as relações eram outras.
Como visto neste Livro 189 em Cem Mil Anos de Amor Pagos com Bagatelas,
os cachorros (e outros animais) ajudaram a criar a humanidade. Não somos
resultado só da racionalidade, pelo contrário, antes da incorporação de cães,
gatas, vacas, cavalos e outros animais pouco significávamos, antes de 100 mil
anos. A humanidade começou a crescer justamente com eles. Claro que eles foram
incorporados exatamente porque éramos racionais, mas mesmo assim.
O contentamento de Silas vem de sua
vida antiga, pois ele não está ao nível das PESSOAS (indivíduos, famílias,
grupos e empresas) ou dos AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e
mundo); vive ainda pouco depois da Natureza, pouco depois dos lobos, já animal
domesticado, porém antigo. Vem de que ele se oferecia DIARIAMENTE para morrer,
assim como cada outro animal se oferecia à sua tarefa-adjunta específica. Todo
dia os Silas se ofereciam para morrer junto com os guerreiros, iam para a
luta-de-morte da qual se podia voltar estirado, morto, se fosse trazido longa
distância, se não fosse enterrado ou meramente deixado aos abutres. Essa era a
vida e perspectivas dos guerreiros e dos cães.
A alegria da amizade entre os
guerreiros e suas matilhas devia ser notável, palpável, bem evidente, extravasante;
de os pesquisadores não terem pensado atentamente veio a impressão de que era
uma vida vazia, despida de interesses maiores, de brutos. De maneira alguma,
eles eram até mais admiráveis que nós, porque contando com muito menos recursos
fizeram muito mais. É preciso rever em filmes e livros aquela existência dura e
disciplinada, festeira, perigosa, unida, com centenas de animais servindo a
humanidade.
Vitória, domingo, 26 de novembro de
2006.
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