Tuquinumsei
Sou físico pós-doutor e falo cinco línguas.
Um dia me peguei pensando na trajetória da
melancia até a minha mesa e fiquei espantadíssimo com a quantidade de passos.
Como sou pesquisador, não deixei por menos, fui investigar, perguntei aos granjeiros,
eles compravam ou plantavam, tem também o supermercadista, tem os produtores de
sementes, tem os plantadores em si, o pessoal do adubo, a compra e a escolha da
terra, a análise do solo, o laboratório que faz, enfim, era um mundo.
A
MELANCIA É TÃO BOBA
Como plantar.
|
O agricultor.
|
Transporte.
|
Pego assim.
|
Fiquei chocado!
Puta merda, quanta gente no meu apoio.
Nos dias seguintes dei aula com mais gosto.
E aquilo era só a melancia. Fiz uma lista
aproximada do que consumo: supermercado, padaria, farmácia, transporte,
telefonia, mídia (Rádio, Jornal, Livro, Cinema, TV, Internet, Revista),
educação (estou aprendendo outra língua pela Internet, agora oferecem
gratuitamente dúzias delas), estrutura governamental, era gigantesca a lista,
nos detalhes usei dois cadernos (não muito grandes, daqueles pequenos de arame,
porque não dava para esgotar). E os desdobramentos?
Pôrra!
Que que é isso, meu irmão?
Na realidade, perante a coletividade o que
faço é quase nada. Claro, é importante, importantíssimo, não dou só aulas,
pesquiso, faço parte do CERN, pesquisador agregado, etc.
Fui seguindo: farmácia. Farmacêuticos
atendentes, atendentes, farmacêuticos pesquisadores, biólogos, bioquímicos, transportadores,
empresas, pesquisa verdadeira e maquiladora para aumentar preços, embalagens,
desenho de embalagens, isso estava tomando um tempo filho da puta.
Como dizem os mineiros, tuquinumsei,
tudo-que-não-sei é muito, sou um ignorante quase total! Fiquei desconsolado,
comprei livros, tentei mostrar para as pessoas, mas elas não queriam saber, se
soubessem parariam um pouco de reclamar ou focariam nas coisas verdadeiramente
ruins.
Serra, terça-feira, 9 de fevereiro de 2016.
GAVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário