segunda-feira, 25 de junho de 2018


Palavra em Tela na Linha de Pensamento

 

No Livro 177 no artigo Minha Linha de Pensamento disse que em nossa mente não aparecem livros inteiros, é só uma linha como dos faxes antigos. Não faz nem 20 anos a coisa mais avançada do mundo era o telefax tão admirado, uma fita datilografada automática que saía da máquina; se você perguntar aos jovens de hoje eles desconhecerão, o que mostra quão depressa o mundo está envelhecendo.

ERA ASSIM (telex e telefax: em termos de computação a pré-história é logo ali)

1975-TELEX_2.jpg (8980 octets)

Mais do que uma fita inteira, a mente-interior vem para fora devagar, não é toda uma fita como esta linha que escrevo, vem palavra-por-palavra, uma de cada vez, aos pouquinhos mesmo à medida que vamos pensando; mal conseguimos lembrar algumas palavras para trás. Esquecemos depressa demais. É só o fato de a escrita ser mente-exterior que nos permite lembrar durante meses, anos, séculos. De outro modo a humanidade desapareceria quase instantaneamente. Nós evaporaríamos, nós volatilizaríamos sem a escrita, pois a escrita é mundo, é exterior; mas, como vimos no artigo anterior deste Livro 196 (já não lembro mais, vou consultar), Memória Enquanto Aproximação, a escrita também é uma aproximação do real: lá fora está o real que entra seletivamente em nossa mente, é convertido pelos nossos gostos e compromissos e transformado em memória-escrita, que fica estocada SOB TRANSFORMAÇÃO fora de nós – não é o que aconteceu mesmo, é o-que-aconteceu-como-vimos, aquela parte que vimos do todo que aconteceu.

Assim, lá dentro de nós em nosso cérebro está a mente com 100 bilhões de neurônios: ela “pensa”, o que quer que seja isso. Disso que é “pensar” derrama-se a “linha de pensamento”, a seqüência que estamos pensando e que vem palavra-por-palavra, uma de cada vez. O pensamento é uma fita de telex enviada pelo nosso inconsciente (pois não temos consciência de como pensamos), saindo uma palavra por vez. Para todos os efeitos “consciência” é esse manifestar da palavra, além da certeza de estamos conscientes.

Vitória, sábado, 13 de janeiro de 2007.

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