Palavra em Tela na
Linha de Pensamento
No Livro 177 no artigo Minha Linha de Pensamento disse que em
nossa mente não aparecem livros inteiros, é só uma linha como dos faxes
antigos. Não faz nem 20 anos a coisa mais avançada do mundo era o telefax tão
admirado, uma fita datilografada automática que saía da máquina; se você
perguntar aos jovens de hoje eles desconhecerão, o que mostra quão depressa o
mundo está envelhecendo.
ERA
ASSIM (telex e
telefax: em termos de computação a pré-história é logo ali)
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Mais do que uma fita inteira, a
mente-interior vem para fora devagar, não é toda uma fita como esta linha que
escrevo, vem palavra-por-palavra, uma de cada vez, aos pouquinhos mesmo à
medida que vamos pensando; mal conseguimos lembrar algumas palavras para trás.
Esquecemos depressa demais. É só o fato de a escrita ser mente-exterior que nos
permite lembrar durante meses, anos, séculos. De outro modo a humanidade
desapareceria quase instantaneamente. Nós evaporaríamos, nós volatilizaríamos
sem a escrita, pois a escrita é mundo, é exterior; mas, como vimos no artigo
anterior deste Livro 196 (já não lembro mais, vou consultar), Memória Enquanto Aproximação, a escrita
também é uma aproximação do real: lá fora está o real que entra seletivamente
em nossa mente, é convertido pelos nossos gostos e compromissos e transformado
em memória-escrita, que fica estocada SOB TRANSFORMAÇÃO fora de nós – não é o
que aconteceu mesmo, é o-que-aconteceu-como-vimos, aquela parte que vimos do
todo que aconteceu.
Assim, lá dentro de nós em nosso
cérebro está a mente com 100 bilhões de neurônios: ela “pensa”, o que quer que
seja isso. Disso que é “pensar” derrama-se a “linha de pensamento”, a seqüência
que estamos pensando e que vem palavra-por-palavra, uma de cada vez. O
pensamento é uma fita de telex enviada pelo nosso inconsciente (pois não temos
consciência de como pensamos), saindo uma palavra por vez. Para todos os
efeitos “consciência” é esse manifestar da palavra, além da certeza de estamos
conscientes.
Vitória, sábado, 13 de janeiro de
2007.
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