domingo, 3 de junho de 2018


Brasil e Suécia

 

Vê-se abaixo que a carga tributária na Suécia é de mais de 50 %.

Nossos vencimentos no fisco estadual do Espírito Santo são, no meu nível, de quase R$ 9,0 mil e vou usar os dados do colega JSN (ou qualquer um no mesmo patamar) porque o dele não tem os descontos do meu quanto a pensão alimentícia, o que distorceria um pouco.

OS PAGAMENTOS INICIAIS DE JSN

ITEM
SOBRE
VALOR em R$ 1.000,00
EQUIVALE A
IPAJM (Instituto de Pensões e Aposentadorias Jerônimo Monteiro)
Total
1,0
11 %
IR (imposto de renda)
Resíduo, desconto de R$ 504,00
1,7
27,5 %
ICMS (digamos 17 % sobre toda compra)
Sobre 6.300 reais
1,1
17 %
TOTAL
Restam 5,2 mil
3,8
42 %

Não estou chorando por ele, ainda ganhamos muito por comparação com o povo brasileiro espoliado, embora outros fiscais ganhem muito mais. Veja que 42 % não estão muito longe dos 51 % da Suécia. A diferença vem por conta do que é oferecido lá e do que é oferecido cá.

AS OFERTAS DA SUÉCIA

·       Asfalto excepcional (nossas estradas estão sempre esburacadas, tampa aqui, fura acolá);

·       Escolas excelentes (constituem uma negação total as do Brasil);

·       Saúde primorosa (uma calamidade em toda parte por aqui, com os corredores dos hospitais entupidos de doentes);

·       Segurança total (insegurança parece ser o leva da Polícia geral daqui);

·       Confiança no governo (por cá, desconfiança plena nos políticos do Legislativo, nos governantes do Executivo, nos juízes do Judiciário – como diz a imprensa quase todos os dias);

·       Socialismo efetivo (aqui nem podemos sonhar);

·       Muita coisa mais.

Então, a questão não está no recolhimento, está no uso que se dá ao tributo pago e recolhido (ou não, em favor do caixa dois das empresas brasileiras). Em resumo, o preocupante é a patifaria dos governantes daqui; e dos empresários sócios deles na canalhada. Não adianta recolher pouco ou muito, a questão a ser focada é a do COMPROMISSO COM A FELICIDADE POPULAR (porque as elites sabem fazer por si).

Vitória, segunda-feira, 04 de dezembro de 2006.

TRIBUTOS NA SUÉCIA

O enigma da Suécia

Crescimento excepcional desafia o consenso de que o modelo europeu do Estado de bem-estar social fracassou
POR MARCELO MUSA CAVALLARI
Está tudo errado na Suécia. O Estado é grande demais. A concorrência entre empresas é desestimulada. A legislação trabalhista torna difícil demitir e caro contratar. Os impostos são altíssimos, a carga tributária é pesada e o sistema de previdência privada é perdulariamente generoso. Apesar de tudo isso, o problema econômico que mais preocupa o Riksbank, o Banco Central sueco, hoje, é, surpreendentemente, que o país cresce demais.

Só na Europa existem cargas tributárias maiores do que a nossa: Suécia (51,35%), Dinamarca (49,85%) Bélgica (46,85%) e França (45,04%). Com taxas iguais, mas níveis de vida bem diferentes [é tudo mentira, no que diz respeito aos tributos, porque não leva em conta os 60 % de sonegação. JAG]


TRIBUTOS

CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,82% DO PIB EM 2005, CRESCENDO 1,02 PONTO PERCENTUAL
30 de março de 2006
O valor nominal do PIB em 2005, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, totalizou R$ 1.937.598 milhões (R$ 1,94 trilhão), sendo que a carga tributária brasileira em relação a este índice atingiu 37,82%, representando um crescimento de 1,02 ponto percentual em relação a 2004.
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Alta carga tributária atropela a economia brasileira
Publicado no Jornal do Comércio em 04/09/2006
Por Patricia Knebel

Editoriais

Carga tributária, serviços públicos e idéias cínicas

Editor-chefe
É um lugar comum dizer que temos uma carga tributária da Suécia e serviços públicos de país africano pobre. Quem diz isso não sabe realmente qual é a carga tributária da Suécia, e conhece apenas de almanaque a situação dos serviços públicos na África. Com efeito, não conheço ninguém que repete essa frase que esteja realmente interessado em aumentar a qualidade dos serviços públicos no Brasil. Ela é dita pelos que querem reduzir nossa carga tributária aos níveis de país africano pobre, e ponto.
A carga tributária brasileira bruta não é alta, em termos relativos, mesmo depois da derrama produzida pelo governo de Fernando Henrique. Está por volta de 36% do PIB. Nos países industrializados, em média, é de 40%. Na Suécia, já esteve na altura dos 60%. Hoje é menos. O que nos difere desses países não é tanto a qualidade dos serviços públicos, mas a péssima distribuição da carga, que recai sobretudo sobre as classes média e média baixa. Rico no Brasil paga muito pouco imposto, ao contrário dos países ricos.
Nos Estados Unidos, com Reagan e Bush, os ricos e as corporações também foram consideravelmente aliviados de impostos. Mas, em contrapartida, os serviços públicos só foram marginalmente degradados. Seu financiamento continuou sendo feito pelo Estado mediante aumento do endividamento público, o que ajudou também a suportar os incríveis aumentos de gastos com a defesa (ou o ataque, dependendo do ponto de vista). De qualquer forma, a carga bruta no país está em níveis relativos similares aos do Brasil.
Isto, porém, é o panorama geral. Se nos atentamos com mais atenção para o lado não da receita, mas da aplicação dos recursos tributários no Brasil, nos deparamos com a verdadeira fonte de iniqüidade, que nada tem a ver com a qualidade dos serviços, mas com os recursos que são desviados deles para pagar juros. O superávit primário de quase 5% do PIB é a ponta do iceberg. Em reais, são 70 bilhões adicionais que poderiam ser destinados a serviços públicos básicos e investimentos de infra-estrutura. Sem mudar a carga.
O povo brasileiro poderia ser mais feliz, e nossa juventude poderia ter melhores perspectivas de vida, se os impostos fossem mais bem aplicados. Não seria necessário reduzi-los. Aliás, eles poderiam até ser progressivamente reduzidos, como proporção do PIB, em conseqüência do previsível aumento de produção que se seguiria a uma política fiscal expansiva. O aumento do dispêndio público real, não com juros, anima a demanda e cria empregos, gerando mais demanda e investimentos também no setor privado.
Recolher 5% do PIB em impostos da sociedade para pagar juros é tirar esse dinheiro de circulação e esterilizá-lo. É, literalmente, destruir meio circulante. O aplicador em títulos da dívida pública que o recebe não quer dinheiro de imposto. Dinheiro de imposto, se ficar em casa ou no caixa da empresa, não rende juros. Ele quer é dinheiro que rende juros, isto é, novos títulos públicos aplicados no over. Isso significa que o Governo não precisa desviar dinheiro de tributos para pagar o serviço da dívida. Basta emitir mais dívida.
Há um fetiche segundo o qual a dívida não pode aumentar muito em relação ao PIB senão perde a credibilidade. Em tese, os afortunados fugiriam dos títulos públicos rumo aos ativos reais (imóveis, principalmente) e moedas estrangeiras. Uma outra versão diz que, se baixar a taxa de juros, os aplicadores fugiriam dos títulos públicos, e o Governo não teria como financiar-se. Isso tudo, como dizem os espanhóis, é uma tontería. A dívida pública, historicamente, só perde a credibilidade quando há uma débâcle geral do sistema tributário. Não é o caso. Além disso, não é a taxa do over que remunera a dívida pública a prazo, mas as taxas de colocação dos títulos. O que o over remunera é a moeda.
Frequentemente se esquece de que dívida pública é riqueza privada líquida, ou quase líquida. É um patrimônio confortável mesmo quando rende taxas baixíssimas. Além disso, a maior parte dela constitui reservas de bancos, que, em tempo de recessão, não teriam alternativa para colocar o dinheiro - como acontece com os bancos japoneses e norte-americanos, que não fugiram da dívida pública apesar dos rendimentos negativos no over. Claro, em país em desenvolvimento, se as taxas de juros caírem muito, alguns aplicadores em moeda remunerada podem ser tentados a fugir para o exterior. Neste caso, basta adotar o controle de capitais.

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