Brasil e Suécia
Vê-se abaixo que a carga tributária na
Suécia é de mais de 50 %.
Nossos vencimentos no fisco estadual
do Espírito Santo são, no meu nível, de quase R$ 9,0 mil e vou usar os dados do
colega JSN (ou qualquer um no mesmo patamar) porque o dele não tem os descontos
do meu quanto a pensão alimentícia, o que distorceria um pouco.
OS
PAGAMENTOS INICIAIS DE JSN
ITEM
|
SOBRE
|
VALOR
em R$ 1.000,00
|
EQUIVALE
A
|
IPAJM (Instituto de Pensões e
Aposentadorias Jerônimo Monteiro)
|
Total
|
1,0
|
11 %
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IR (imposto de renda)
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Resíduo, desconto de R$ 504,00
|
1,7
|
27,5 %
|
ICMS (digamos 17 % sobre toda
compra)
|
Sobre 6.300 reais
|
1,1
|
17 %
|
TOTAL
|
Restam
5,2 mil
|
3,8
|
42
%
|
Não estou chorando por ele, ainda
ganhamos muito por comparação com o povo brasileiro espoliado, embora outros
fiscais ganhem muito mais. Veja que 42 % não estão muito longe dos 51 % da
Suécia. A diferença vem por conta do que é oferecido lá e do que é oferecido
cá.
AS
OFERTAS DA SUÉCIA
·
Asfalto
excepcional (nossas estradas estão sempre esburacadas, tampa aqui, fura acolá);
·
Escolas
excelentes (constituem uma negação total as do Brasil);
·
Saúde
primorosa (uma calamidade em toda parte por aqui, com os corredores dos
hospitais entupidos de doentes);
·
Segurança
total (insegurança parece ser o leva da Polícia geral daqui);
·
Confiança
no governo (por cá, desconfiança plena nos políticos do Legislativo, nos
governantes do Executivo, nos juízes do Judiciário – como diz a imprensa quase
todos os dias);
·
Socialismo
efetivo (aqui nem podemos sonhar);
·
Muita
coisa mais.
Então, a questão não está no
recolhimento, está no uso que se dá ao tributo pago e recolhido (ou não, em
favor do caixa dois das empresas brasileiras). Em resumo, o preocupante é a
patifaria dos governantes daqui; e dos empresários sócios deles na canalhada.
Não adianta recolher pouco ou muito, a questão a ser focada é a do COMPROMISSO
COM A FELICIDADE POPULAR (porque as elites sabem fazer por si).
Vitória, segunda-feira, 04 de dezembro
de 2006.
TRIBUTOS NA SUÉCIA
O enigma da Suécia
Crescimento excepcional desafia o
consenso de que o modelo europeu do Estado de bem-estar social fracassou
POR MARCELO MUSA CAVALLARI
Está tudo errado na Suécia. O Estado
é grande demais. A concorrência entre empresas é desestimulada. A legislação
trabalhista torna difícil demitir e caro contratar. Os impostos são
altíssimos, a carga tributária é pesada e o sistema de previdência privada é
perdulariamente generoso. Apesar de tudo isso, o problema econômico que mais
preocupa o Riksbank, o Banco Central sueco, hoje, é, surpreendentemente, que
o país cresce demais.
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Só
na Europa existem cargas tributárias maiores do que a nossa: Suécia (51,35%),
Dinamarca (49,85%) Bélgica (46,85%) e França (45,04%). Com taxas iguais, mas
níveis de vida bem diferentes [é tudo mentira, no que diz respeito aos
tributos, porque não leva em conta os 60 % de sonegação. JAG]
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TRIBUTOS
CARGA TRIBUTÁRIA BRASILEIRA ATINGE 37,82% DO PIB EM
2005, CRESCENDO 1,02 PONTO PERCENTUAL
30 de março de 2006
O valor
nominal do PIB em 2005, segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, totalizou R$ 1.937.598 milhões (R$ 1,94 trilhão), sendo que a
carga tributária brasileira em relação a este índice atingiu 37,82%,
representando um crescimento de 1,02 ponto percentual em relação a 2004.
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Alta carga tributária atropela a economia brasileira
Publicado no Jornal do Comércio em 04/09/2006 Por Patricia Knebel |
Editoriais
Carga tributária,
serviços públicos e idéias cínicas
Editor-chefe
É
um lugar comum dizer que temos uma carga tributária da Suécia e serviços
públicos de país africano pobre. Quem diz isso não sabe realmente qual é a
carga tributária da Suécia, e conhece apenas de almanaque a situação dos
serviços públicos na África. Com efeito, não conheço ninguém que repete essa
frase que esteja realmente interessado em aumentar a qualidade dos serviços
públicos no Brasil. Ela é dita pelos que querem reduzir nossa carga
tributária aos níveis de país africano pobre, e ponto.
A
carga tributária brasileira bruta não é alta, em termos relativos, mesmo
depois da derrama produzida pelo governo de Fernando Henrique. Está por volta
de 36% do PIB. Nos países industrializados, em média, é de 40%. Na Suécia, já
esteve na altura dos 60%. Hoje é menos. O que nos difere desses países não é
tanto a qualidade dos serviços públicos, mas a péssima distribuição da carga,
que recai sobretudo sobre as classes média e média baixa. Rico no Brasil paga
muito pouco imposto, ao contrário dos países ricos.
Nos
Estados Unidos, com Reagan e Bush, os ricos e as corporações também foram
consideravelmente aliviados de impostos. Mas, em contrapartida, os serviços
públicos só foram marginalmente degradados. Seu financiamento continuou sendo
feito pelo Estado mediante aumento do endividamento público, o que ajudou
também a suportar os incríveis aumentos de gastos com a defesa (ou o ataque,
dependendo do ponto de vista). De qualquer forma, a carga bruta no país está
em níveis relativos similares aos do Brasil.
Isto,
porém, é o panorama geral. Se nos atentamos com mais atenção para o lado não
da receita, mas da aplicação dos recursos tributários no Brasil, nos
deparamos com a verdadeira fonte de iniqüidade, que nada tem a ver com a
qualidade dos serviços, mas com os recursos que são desviados deles para
pagar juros. O superávit primário de quase 5% do PIB é a ponta do iceberg. Em
reais, são 70 bilhões adicionais que poderiam ser destinados a serviços
públicos básicos e investimentos de infra-estrutura. Sem mudar a carga.
O
povo brasileiro poderia ser mais feliz, e nossa juventude poderia ter
melhores perspectivas de vida, se os impostos fossem mais bem aplicados. Não
seria necessário reduzi-los. Aliás, eles poderiam até ser progressivamente
reduzidos, como proporção do PIB, em conseqüência do previsível aumento de
produção que se seguiria a uma política fiscal expansiva. O aumento do
dispêndio público real, não com juros, anima a demanda e cria empregos,
gerando mais demanda e investimentos também no setor privado.
Recolher
5% do PIB em impostos da sociedade para pagar juros é tirar esse dinheiro de
circulação e esterilizá-lo. É, literalmente, destruir meio circulante. O
aplicador em títulos da dívida pública que o recebe não quer dinheiro de
imposto. Dinheiro de imposto, se ficar em casa ou no caixa da empresa, não
rende juros. Ele quer é dinheiro que rende juros, isto é, novos títulos
públicos aplicados no over. Isso significa que o Governo não precisa desviar
dinheiro de tributos para pagar o serviço da dívida. Basta emitir mais
dívida.
Há
um fetiche segundo o qual a dívida não pode aumentar muito em relação ao PIB
senão perde a credibilidade. Em tese, os afortunados fugiriam dos títulos
públicos rumo aos ativos reais (imóveis, principalmente) e moedas
estrangeiras. Uma outra versão diz que, se baixar a taxa de juros, os
aplicadores fugiriam dos títulos públicos, e o Governo não teria como
financiar-se. Isso tudo, como dizem os espanhóis, é uma tontería. A dívida
pública, historicamente, só perde a credibilidade quando há uma débâcle geral
do sistema tributário. Não é o caso. Além disso, não é a taxa do over que
remunera a dívida pública a prazo, mas as taxas de colocação dos títulos. O
que o over remunera é a moeda.
Frequentemente se esquece de
que dívida pública é riqueza privada líquida, ou quase líquida. É um
patrimônio confortável mesmo quando rende taxas baixíssimas. Além disso, a
maior parte dela constitui reservas de bancos, que, em tempo de recessão, não
teriam alternativa para colocar o dinheiro - como acontece com os bancos
japoneses e norte-americanos, que não fugiram da dívida pública apesar dos
rendimentos negativos no over. Claro, em país em desenvolvimento, se as taxas
de juros caírem muito, alguns aplicadores em moeda remunerada podem ser
tentados a fugir para o exterior. Neste caso, basta adotar o controle de
capitais.
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