sexta-feira, 1 de junho de 2018


A Solidão de Silas

 

SILAS É UM LABRADOR PARECIDO COM ESTES (exceto que tem o focinho claro e é despigmentado; diz meu filho Gabriel - “dono” dele e que lhe deu o nome com base no personagem de O Código da Vinci – que ele é recessivo)


A minha sensação é que Silas é mais bonito.

Entrementes, a Rede Cognata diz que Silas = POLTRONA (de fato, ele gosta) = SOLIDÃO = SOBERANO = SUPERFÍCIES = PESCOÇO = PERIGOSO = PATRONO = POLTRÃO = PRECIOSO e segue.

É a característica de solidão que desejo comentar.

Silas vive em apartamento de três quartos, um dos quais ocupado com livros; e um deles, o da Clara, sempre fechado, porque ele morde tudo e destrói tudo. Por vezes fica irado quando se sente abandonado e destroça algo. Pensando nisso através do Modelo da Caverna para a Expansão dos Sapiens (MCES) vi que os guerreiros saíam com os cachorros em enormes bandos ou matilhas e que eles, cães e guerreiros, se amavam mutuamente e foram companheiros nas mais terríveis batalhas pela “grande proteína”, as grandes presas com as quais alimentavam as tribos. Cavalos e cachorros construíram literalmente a humanidade, como já disse.

A paixão devia ser grande a choradeira geral quando morriam uns e outros. Guerreiros empedernidos, petrificados, insensíveis, endurecidos pelas batalhas, deviam chorar como criancinhas, porque a solidão de uns e outros era antigamente muito maior: não existiam esses bilhões de agoraqui, eram poucos milhares de cro-magnons inicialmente ou talvez, mais tarde, algumas centenas de milhares. Cada um contava.

E agora Silas foi tirado da Natureza, só existimos para ele nós três e a gata persa de Clara, Yuki. É trágico. Ele está com 11 meses e no máximo sai à rua com Gabriel de manhã e às vezes vai à veterinária. Vive em reclusão total, dependente de agrados nossos, ao que é muito apegado. Espero mesmo que haja um Deus para recolher as almas preciosas desses animaizinhos.

SILAS VIRARÁ ESQUELETO (a vida é só uma sombra eletromagnética entre dois infinitos; mas há tremendo brilho apreciável)


Vitória, quarta-feira, 06 de dezembro de 2006.

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