Uma
Lista de Ruínas
Clarice Lispector (nascida na Ucrânia em
1920, viveu no Brasil a partir dos dois anos, até 1977, 56 anos) é uma
iluminada, posso dizer que brasileira (2/56 = 1/23, quase que 96 % do tempo),
foi casada com embaixador, separou-se, era escritora maravilhosa, seus livros
possuem vários níveis de leitura, comentei 13 deles. Um dia, morando numa
cobertura, acho que em Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, disse ver lá de cima as
ruínas egípcias de amanhã. De fato, todas essas coisas erguidas são pré-ruínas,
as mais velhas delas, as mais duradouras sendo as pirâmides, quase 4,6 mil
anos.
Devem existir entre 200 e 300 mil cidades no
mundo, chutei; e de estados/províncias construções em quatro mil, para 200
nações.
Tudo ruína.
Como as frutas no auge do verde, pouco antes
de virar a curva em cima e começar a descer o despenhadeiro para o fundo do
declínio, o apodrecimento no fundo do poço, todas as belíssimas construções
estão pré-podres. Claro, não faríamos mais nada? Como uma vez perguntei a minha
mãe: por que a senhora limpa e lava com água no sábado se na segunda vai estar
tudo sujo? Ela me disse que NO SÁBADO (que é familiar, junto com o domingo)
estaria limpo.
Tudo vai ser aniquilado, com toda certeza, é isso
que indefectivelmente, infalivelmente sabemos da Natureza: ela vai terminar,
vai derreter, vai dissolver, vai colapsar – nada a estranhar. A única coisa
diferente é quando o rompimento vem subitamente, num átimo, o que é definição
de falência – o derrame, a destruição da barreira da represa. As pessoas dos
governos fizeram de tudo para mentir, ocultar, esconder os perigos, tampar os
furos denunciadores, remendar daqui e d’acolá e não teve jeito, devastou mesmo,
inundou as partes baixas, a produção esperada virou brejo.
O que dispara o rompimento?
Ninguém respondeu isso em parte nenhuma, nem muito
menos detalhadamente nos livros.
É uma pena.
Onde caiu a folhinha que fez o solo desabar?
Vitória, quarta-feira, 9 de maio de 2018.
GAVA.
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